50ª Romaria de Fátima, em Rio Grande, tem participação do Cardeal Português Dom Antônio Marto
A 50ª Romaria Diocesana de Nossa Senhora de Fátima em Rio Grande, ocorrida no último 13 de outubro, por seu caráter jubilar, já teve um significado especial para esta região de forte colonização portuguesa, motivada a transformar em romaria, todo amor e fé nas aparições de Nossa Senhora aos três pastorinhos na localidade portuguesa de Fátima, no ano de 1917. Esta devoção leva a peregrinação de romeiros do mundo todo até o Santuário de Fátima, em Portugal, onde os fatos ocorreram. Mas, este ano, o caminho foi inverso e, após o convite do Padre Péterson de Figueiredo, reitor do Santuário de Rio Grande, levado em mãos em outubro do ano passado, dois especiais peregrinos de Portugal estiveram presentes no Jubileu da Romaria rio-grandina. Dom Antônio Marto, Cardeal Emérito da Diocese de Leiria/Fátima, acompanhado do ecônomo do histórico Santuário português, Padre Miguel Sottomayor, participaram das festividades em terras gaúchas, no período de 08 a 15 de outubro.
Para o Padre Péterson, foram dias memoráveis de comemoração, com visitas, várias celebrações eucarísticas e até uma Palestra do Cardeal Marto, que abordou sobre “A Mensagem de Fátima”. “Em Rio Grande, fomos tomados por imensa satisfação com as presenças humildes e amorosas de Dom Marto e o Padre Miguel, que engrandeceram esse momento jubilar de nossa Romaria”, avaliou. Para Dom Antônio Marto, foi com grande alegria que veio de Fátima para saudar o jubileu de 50 anos da Romaria Diocesana de N. Sra. de Fátima em Rio Grande e que se tornou centro de peregrinação desta Diocese. “É justo e belo comemorar um jubileu de ouro com uma peregrinação mariana e com o lema significativo ‘Com Maria, jubilosos, peregrinamos como irmãos’. Os peregrinos trazem no coração, a sua fé, a sua história, as luzes e sombras da própria vida, as alegrias e tristezas, as ânsias e as esperanças, com os olhos fixos na imagem de Nossa Senhora, cheios de confiança no amor da mãe”, pontuou o cardeal em sua homilia na Missa da Chegada da Romaria. Conforme ele, Nossa Senhora ajuda os peregrinos a caminharem juntos, com esperança e como irmãos e irmãs.
Colocando-se também como peregrino, Dom Antônio Marto considerou que a mensagem aos três pastorinhos em Fátima ainda se mantem atual. Como em Fátima, é o mesmo amor misericordioso de Deus que vem em nosso auxilio, através de Maria, mãe de Jesus. Ele lembrou que o tempo das aparições de Nossa Senhora em Fátima, abarcaram anos de grande sofrimento para a humanidade, então ameaçada de destruição pelas duas grandes guerras mundiais, e o sofrimento da Igreja, perseguida, ameaçada de aniquilação total por governos totalitários e ateus. “Neste contexto histórico e dramático, Deus se fez presente, atuando através de Maria. Em Maria transparece a ternura e a misericórdia de Deus, que não é indiferente às suas criaturas, mas indica o caminho que conduz até Ele que é o caminho do Coração Imaculado da Mãe”.
De coração para coração – Para Dom Marto, a atualidade da mensagem de Fátima se dá no fato de que a humanidade vive também hoje sob a ameaça de uma guerra mundial e a Igreja sacudida por ventos de tempestade. “Maria, como mãe, continua a cuidar com o seu coração materno, os seus filhos hoje, para lhes transmitir consolação e esperança. Através do símbolo do Coração Imaculado, Maria fala aos filhos usando a linguagem mais acessível, mais entranhada, de coração a coração. Quando nós falamos do coração, entendemos imediatamente a proximidade, o afeto, a ternura, numa palavra, o mistério do amor e da compaixão. Assim, o mistério do amor só entra em nós, humanos, através do coração”, sintetizou o cardeal Marto.
Para ele, a mensagem de Maria através do seu Imaculado Coração traz o amor materno que é fonte de conforto aos três pastorinhos e para todos os filhos de Maria. “Como Nossa Senhora diz a Lucia: ‘E tu, sofres muito? Não desanimes. Eu nunca te deixarei só. O meu Imaculado Coração será o teu refúgio e o caminho que te conduzirá até Deus’; isso mesmo ela continua a dizer a cada um de nós hoje. Por conseguinte, afirmou, Maria dá-nos olhos e coração para contemplar a ternura de Deus, a sua compaixão, a sua misericórdia, como força que põe limite ao poder do mal no mundo”.
E ainda, citando o que considerou uma bela reflexão do Papa Bento XVI, quanto esteve em Fátima em 2010: “Veio do céu a nossa bendita mãe, oferecendo-se para transplantar no coração de quantos se entregam o amor de Deus que arde no seu próprio coração”. Então naquela altura, como reforçou Dom Antônio Marto, eram só os três pastorinhos, mas o exemplo de vida irradiou e se multiplicou em grupos sem conta por toda a superfície da terra, a todo mundo. E foi esse encanto pela beleza de Deus e seu amor que Nossa Senhora transmitiu aos pastorinhos que, na opinião de Dom Marto, fez o pequeno vidente Francisco a exclamar “Gostei muito de ver o anjo, gostei mais de Nossa Senhora, mas do que gostei mais foi ver Deus naquela luz que Nossa senhora nos mantinha no peito e que ardia sem queimar. Oh, gosto tanto de Deus”! “Não temos palavra para exprimir esse amor de Deus por cada um de nós. Então Nossa Senhora convida-nos hoje a descobrir e a redescobrir o gosto e o encanto de Deus e da beleza de sua ternura e do seu amor em nós”, frisou.
O cardeal D. Antônio Marto foi nomeado, em 2023, pelo Papa Francisco, membro do Dicastério para as Causas dos Santos, que trata de tudo o que diz respeito às causas de beatificação e canonização. Ele trouxe de presente para a Diocese do Rio Grande uma relíquia com pedaços dos caixões dos santos pastorinhos Francisco e Jacinta Marto. Mas também levou de volta para Portugal, uma carta da Irmã Lúcia enviada à Família Estima. Este importante documento cedido pela Família Estima pode contribuir no processo ainda em andamento de canonização de Irmã Lúcia, a pastorinha que conversou com Nossa Senhora durante todas as seis aparições e viveu mais de 90 anos ajudando a contar a história de Fátima.
PASCOM | Diocese do Rio Grande