Histórico
HISTÓRICO
60 ANOS DE EVANGELIZAÇÃO
Vaticano, terceira sessão do Concílio Vaticano II. 27 de setembro de 1964:
A data e o local marcam o início da história do Regional Sul 3 da CNBB, criado pelos bispos do Brasil em Assembleia durante o Concílio Vaticano II, desmembrando-o do Regional Sul 1 (São Paulo) e integrando os Estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina.
O primeiro secretário eleito, Dom Vicente Scherer e o Subsecretário, Dom Edmundo Kunz, assumiram a missão de acompanhar através da CNBB Regional, 15 dioceses: Uruguaiana, Santa Maria, Santo Ângelo, Frederico Westphalen, Passo Fundo, Vacaria, Caxias do Sul, Porto Alegre, Pelotas, Bagé, Florianópolis, Lages, Tubarão, Chapecó e Joinville.
Nascido sob o signo na renovação e atualização preconizadas pelo Concílio e pelo Papa João XXIII, o Regional assumiu a missão de ajudar a Igreja a atualizar seu pastoreio neste tempo para que “os homens vissem a verdadeira face de Deus”.
Os Primeiros Passos
Neste caminho de renovação, o Regional Sul 3 deu prosseguimento a ações importantes como a Ação Católica e a Frente Agrária Gaúcha, fundadas ainda no ano de 1961, com princípios e orientações traçados pela Igreja Católica, sob os cuidados de Dom Edmundo Kunz.
A sede do Regional foi instalada ainda em 1964, compartilhando os espaços com o Centro de Pastoral da Arquidiocese de Porto Alegre. No mesmo ano aconteceu a primeira reunião conjunta de bispos e provinciais, no Seminário Maior de Viamão, com intuito de promover a caminhada de unidade e comunhão nesta porção da Igreja no Brasil. A partir da sua instalação e conquista da confiança, não tardaram a surgir as demandas pelos cursos de formação, principalmente nas áreas de liturgia e catequese.
A configuração do Regional Sul 3 reunindo os estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina seguiu até 1º de janeiro de 1970, de modo que em 02 de janeiro de 1970, acontece a instalação da CNBB Regional Sul 4 congregando as dioceses do Estado de Santa Catarina.
Tempos Sombrios
Nascido no período dos governos militares, o Regional Sul 3 não passou ileso às interferências da ditadura. Medidas internas foram altamente influenciadas pelos ventos ditatoriais como a supressão da Juventude Estudantil Católica e da Ação Católica em 1968. Por determinação do Ato Institucional nº 5, os estudantes ficaram impedidos de participar de reuniões fora da sala de aula. Muitas de suas lideranças foram reprimidas, identificadas, perseguidas e presas, entre eles diversos padres em todo o Rio Grande do Sul. Líderes das dioceses que participavam das reuniões do Regional necessitavam de autorização do bispo local, para que pessoas não interessadas nos assuntos da Igreja pudessem ter acesso aos locais. Apesar dessas perseguições, a Igreja manteve sempre uma postura de proteção e defesa dos direitos da pessoa e firmeza no diálogo com os governos militares, tendo à frente especialmente os irmãos Dom Ivo e Dom Aloísio Lorscheider.
A Ação Pastoral
A consolidação do Regional ocorreu progressivamente com a criação dos organismos pastorais. Em 1966, houve a elaboração do primeiro Plano Regional de Pastoral de Conjunto. Neste mesmo ano, foi criado o Instituto Superior de Pastoral Catequética. Três anos depois, em 1969, foi instalado o Instituto de Pastoral Regional (IPAL), para zelar pela formação e renovação de lideranças, seguindo as orientações do Concílio Vaticano II. O IPAL reunia os Institutos de Liturgia e Catequese, a Escola de Auxiliares Pastorais e duas iniciativas conjuntas com a CRB: o curso Ancila Domini – para religiosas e Christus Sacerdus – para os sacerdotes. Nesse mesmo período funcionou a Escola Santo Estevão para a formação de diáconos, já que o Concílio havia aprovado a restauração do diaconato permanente. Foram ordenados 40 diáconos que completaram o primeiro curso no ano de 1967. Ainda nos anos 60 foram instituídas as Comissões Diocesanas de Pastoral e a função de Coordenador Diocesano de Pastoral.
Para aprimorar a qualificação dos agentes, no ano de 1969, foram criadas diversas Escolas de Formação, entre elas a Vocacional, Pastoral Litúrgica, Catequese e a Escola de Comunicação Social (ECOS). A ECOS teve um papel destacado na qualificação de agentes devido à proporção que tomaram os meios de comunicação e a escassez de pessoas capacitadas para atuar nessa área.
O sopro do Espírito nas Décadas de 70 e 80
No ano de 1971, foi criada a Equipe Central de Coordenação da Pastoral Regional. Neste período houve expansão também da estrutura eclesiástica porque no dia 03 de junho de 1971, o Papa Paulo VI criou as dioceses de Erexim, Cruz Alta e Rio Grande. Em 1972, foi aprovado o Plano de Pastoral Orgânica e em 1974, ocorreu a criação da assembleia do Conselho Regional de Pastoral.
As décadas de 70 e 80 foram marcadas por uma efervescência pastoral com o surgimento de muitas iniciativas conjuntas da Igreja no Estado. A reflexão teológica sobre esse novo contexto eclesial produziu muitas orientações dentro dos institutos de teologia que começaram a se disseminar pelo Rio Grande do Sul.
As ações de cuidado com a população foram priorizadas em toda a década de 80, no atendimento às populações vulneráveis, especialmente às crianças, agricultores e trabalhadores urbanos. Outro destaque foi o acompanhamento das juventudes, na perspectiva de promoção social e evangelização. A dimensão missionária tornou-se cada vez mais prioridade no Regional e em sintonia com uma grande motivação nacional, no ano de 1973 foi realizado o primeiro movimento do projeto Igrejas Irmãs.
No período em que iniciava o processo de redemocratização no Brasil, foi criada no dia no dia 17 de maio de 1979 a Comissão de Justiça e Paz da CNBB Sul 3. O grupo era constituído de dez membros identificados com a Igreja e conhecedores dos problemas sociais, que se dedicavam a promover o Estado de Direito e defender as garantias e liberdades constitucionais.
Fato marcante na década de 80 foi a visita do Santo Padre ao Rio Grande do Sul. Em sua primeira viagem ao Brasil, João Paulo II incendiou de fé e ardor o coração dos gaúchos quando visitou a capital nos dias 4 e 5 de julho. Foi um momento de unidade, de comunhão e de renovação da fé. Neste período foi criada a diocese de Novo Hamburgo, no dia 2 de fevereiro de 1980.
Os Anos 90
A década de 1990 foi marcada pela preocupação com evangelização da cidade, em razão do avanço no processo de urbanização e de concepções que passaram a conduzir a vida das pessoas e as relações na sociedade. Neste período foram erigidas as dioceses de Cachoeira do Sul em 17 de julho de 1991 e Osório no dia 10 de novembro de 1999 e as romarias diocesanas passaram a ser realizadas em todas as dioceses, como grandes celebrações de massa. Esse movimento provocou grande impacto na mídia e nas comunidades, com seus processos de mobilização de pessoas e de manifestação pública da fé.
Em julho de 1994, um passo marcante para a animação missionária no Regional: chegou em terras africanas a primeira equipe missionária do Projeto Igrejas Solidárias Sul 3 com a Arquidiocese de Nampula. A missão, que já acolheu mais de 65 missionários neste tempo, segue até hoje na Vila de Moma, atendendo as paróquias de Larde e Micane.
O Novo Milênio
A celebração dos dois mil anos do cristianismo representou um impulso na ação evangelizadora do Rio Grande do Sul com um grande processo de renovação. Para atuar de modo mais consistente junto às realidades culturais, no ano de 2001, a Arquidiocese de Porto Alegre criou os Vicariatos. Um deles, Montenegro, foi tornado diocese em 2008.
A vitalidade da Igreja no Rio Grande do Sul em seus 500 anos de presença nesta terra foi celebrada no ano de 2007 com o Fórum da Igreja Católica. Em outubro do mesmo ano, o Regional Sul 3 foi presenteado com o reconhecimento oficial do Martírio do Pe. Manoel Gonzales e do Coroinha Adílio Daronch. A cerimônia de beatificação, com a Presença do Presidente do Prefeito da Congregação para a Causa dos Santos, Cardeal Saraiva Martins, foi realizada em Frederico Westphalen.
Em 24 de maio de 2009, foi realizada a primeira Jornada de Animação Bíblico-Catequética do Regional Sul 3 da CNBB. Mais de 10 mil catequistas participaram da caminhada pelas ruas de Santa Cruz do Sul (RS) e da celebração eucarística presidida pelo bispo Dom Jacinto Flach. Foi um momento de animação e confraternização.
A Última Década
Era dia 13 de maio de 2011, quando o Vaticano anunciou oficialmente a criação de mais três províncias Eclesiásticas no Regional Sul 3: Pelotas, Santa Maria e Passo Fundo.
Nos anos que se seguiram, a Pastoral dos Migrantes constituiu (2012) o Fórum Permanente de Mobilidade Humana e a Igreja do Rio Grande do Sul testemunhou a vitalidade e a dinamicidade da juventude, quando esteve totalmente envolvida no processo de realização da Jornada Mundial da Juventude Rio 2013.
Os anos seguintes foram marcados pelo fortalecimento das Pequenas Comunidades, das pastorais sociais, do processo de continuidade da evangelização da juventude e dos nossos desafios na área da comunicação, com o advento das redes sociais e o avanço das novas tecnologias de informação.
2020 e 2021 são inesquecíveis, e não por um bom motivo. A pandemia do Covid-19 que assolou o mundo inteiro e só no Brasil vitimou quase 700 mil pessoas, obrigou a Igreja a se refazer em tempo recorde. O isolamento social e o contexto de sofrimento de todo o Povo foram impulsos a cada comunidade e paróquia para buscar meios de proximidade – e neste sentido as redes sociais auxiliaram e muito.
Desde 2021, a Igreja no Rio Grande do Sul é motivada pela realização do Sínodo dos Bispos convocado pelo Papa Francisco para 2024.
Esses quase 60 anos de Ação Eclesial constituem uma pequena parcela da imensidão do plano de salvação e do infinito amor de Deus que envolve o mundo e o Rio Grande do Sul. O nosso caminho revela a alegria do encontro da ação de Deus e da comunhão daqueles que se dedicam a edificação de seu Reino presente na história humana.
Hino do Jubileu
Para celebrar estas seis décadas de história, o Regional criou uma comissão especial para o Jubileu, que entre outras ações propôs a composição de um Hino dos 60 anos do Regional.
O convidado para executar esta missão foi o Pe. José Carlos Sala, do clero diocesano de Erexim, que compôs a letra e a melodia do hino.
Confira a seguir:
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