A comunidade: rosto da Igreja
Dom Adelar Baruffi – Bispo de Cruz Alta
O 9º Encontro Diocesano de CEBs, do dia 24 de setembro, em Santa Bárbara do Sul, quer, mais uma vez, ser um espaço de animação da caminhada das comunidades da nossa Diocese. O que é uma comunidade? Qual a sua missão? O Encontro visa aprofundar a identidade e a missão das mais de 600 comunidades que, juntas, formam nossa Igreja Particular, a Diocese de Cruz Alta. A comunidade de fiéis torna presente a Igreja num determinado lugar, com seu rosto próprio. É a realidade básica, elementar da Igreja. É a comunhão de pessoas batizadas, pela sua fé em Cristo. Vai além de um grupo de amigos, sendo maior do que uma realidade sociológica, de uma associação que visa fazer o bem. Seu fundamento está na participação na vida da Santíssima Trindade. A comunhão de amor entre o Pai, o Filho e o Espírito Santo é a fonte de toda vida comunitária e, ao mesmo tempo, é também o modelo de vida que cada pequena comunidade deve espelhar. A unidade se dá em duas dimensões complementares, com Cristo e, n´Ele, com os irmãos e irmãs. O dom da unidade é obra do Espírito Santo. Enfim, podemos dizer que em cada uma das comunidades, na comunhão com todas as demais, está presente a Igreja, com todas as suas realidades que a constituem: o Batismo, a Eucaristia e demais sacramentos, a Palavra, a mesma fé, o culto a Deus e a caridade, que se traduz de múltiplas formas.
É importante dizer que sem uma comunidade não é possível fazer a autêntica experiência da vida cristã. A vida cristã, numa comunidade, é o antídoto contra o individualismo que leva ao isolamento, à indiferença, ao preconceito e à exclusão. O discípulo, que vai fazendo um caminho de configuração de sua vida a de Jesus Cristo, iluminado pela Palavra, sabe-se enviado para ir ao encontro dos outros irmãos e irmãs. Como é bela uma comunidade que vive a experiência da fraternidade. Ela é alimentada pelo encontro semanal, com a celebração eucarística ou a celebração da Palavra. Se faltar a vivência do domingo, dia do Senhor, a comunidade morre. “O Evangelho convida-nos sempre a abraçar o risco do encontro com o rosto do outro, com a sua presença física que interpela, com os seus sofrimentos e suas reivindicações, com a sua alegria contagiosa permanecendo lado a lado” (EG 88).
Porém, esta comunhão não esgota a missão da comunidade. Ela existe para estar no mundo, na sociedade, e ser “sal da terra” e “luz do mundo”. É chamada a ser portadora de esperança e defensora da vida. “Eu vi e ouvi os clamores do meu povo e desci para libertá-lo” (Ex 3,7). Assim como Deus age, também os cristãos devem “descer”, encarnar-se em todas as realidades humanas, sempre com o olhar que Jesus Cristo teve com os mais sofredores. A fé em Jesus Cristo nos oferece elementos para agir diante dos grandes desafios da humanidade: a defesa da vida, a família, a educação, a ecologia, a ética na política, a solidariedade e a cultura da paz. A comunidade, ao acompanhar o processo de crescimento na fé dos seus membros, forma também bons cidadãos. Cada batizado, em sua família e profissão, é convidado a contribuir na construção do Reino de Deus.
Com certeza, nossas comunidades vivas, com tantas lideranças e voluntários, são a nossa maior riqueza. “Não deixemos que nos roubem a comunidade!” (EG 92), nos disse o Papa Francisco.