A experiência da vacância episcopal e de outras carências
Popularmente se diz que se dá valor a pessoas e coisas depois que se as perdeu. O Arcebispo de Passo Fundo, Dom Rodolfo Weber, ao presidir a missa do Crisma em nossa Catedral Diocesana, dia 08 passado, fez alguns questionamentos: sentimos falta das celebrações litúrgicas, do atendimento do padre para o aconselhamento e a confissão? Ele também relatou que na oficialização de párocos, por vezes, pergunta: se não houvesse padre para o Bispo nomear para a função, as comunidades sentiriam falta dele? E para motivar a todos na promoção vocacional, interroga: o que fazemos para termos mais padres?
Quarta-feira passada, no anúncio da nomeação do novo Bispo para nossa Diocese, Monsenhor Adimir Antonio Mazali, lembrei dos oportunos questionamentos do Arcebispo e me perguntava: o que significou para a Diocese este tempo de vacância episcopal?
Na primeira Voz da Diocese deste período, 15 de setembro, lembrei que ela, entre outros aspectos, nos remetia à natureza e missão do Bispo conforme o Concílio Vaticano II e ao fortalecimento de nossa unidade no serviço à comunidade cristã e na atuação profético-transformadora na sociedade.
Nesta primeira após o anúncio da nomeação do nosso quarto Bispo diocesano, volto a dizer que ela propõe considerar novamente o significado do ministério episcopal. Conforme o Documento de Aparecida (números 186 a 189), os bispos, como sucessores dos apóstolos junto com o Papa e sob sua autoridade, assumiram a vocação de servir ao Povo de Deus, conforme o coração de Cristo, o Bom Pastor. Junto com todos os fiéis e em virtude do batismo são discípulos e membros do Povo de Deus, devendo, por isto, seguir a Jesus, Mestre de vida e de verdade, na comunhão da Igreja. Servidores do Evangelho, são chamados a viver o amor a Jesus Cristo e à Igreja na intimidade da oração e da doação de si mesmos aos irmãos e irmãs, a quem presidem na caridade, com os quais, segundo santo Agostinho, são cristãos e para eles são bispos. Eles têm a missão de promover a caridade e a santidade dos fiéis, anunciar-lhes a Boa Nova, fonte de esperança para todos e a velar e promover com solicitude e coragem a fé católica. São também definidos como pastores e guias espirituais, animadores da comunhão, centro de unidade, numa Igreja na qual todos se sintam acolhidos como em sua própria casa, no exercício de seu tríplice ministério de ensinar, santificar e governar.
O Bispo que nos é enviado por nosso querido Papa Francisco manifesta sentir-se assim ao dizer, em sua saudação ao povo desta Diocese, que pediu ao Senhor que o faça verdadeiro pastor e instrumento de seu plano de amor e a São José, que o ajude a ser como ele, um pai cuidando dos interesses de Jesus.
Este período, certamente, significou uma valorização maior de Organismos diocesanos que permanecem em vigor mesmo na vacância episcopal, de modo particular o Colégio de Consultores a quem coube eleger o Administrador Diocesano e com ele conduzir a Diocese.
Significou ainda a importância e a urgência de maior corresponsabilidade de todos para que, na espera do novo pastor, a Diocese continuasse sua caminhada. Assim, realizamos a Assembleia Diocesana que definiu o 14º Plano da Ação Evangelizadora a vigorar deste ano até 2023, aprovado em reunião do Conselho Diocesano da Ação Evangelizadora e promulgado por aquele a quem foi atribuída a competência de fazê-lo. Neste período, a Diocese enfrenta os desafios da Covid-19 com orientações em sintonia com a CNBB e outras Dioceses.
Outras carências, como as impostas pela pandemia do Coronavírus, também oferecem diversas considerações, que o espaço deste texto não permite relacionar.
Pe. Antonio Valentini Neto – Administrador Diocesano de Erexim