A fé nos dará a vitória

Estimados irmãos e irmãs em Cristo Jesus. No domingo de Ramos celebramos, de forma conjunta, a aclamação de Jesus no seu ingresso em Jerusalém e a paixão humilhante que termina sobre a cruz. E desde criança, penso que aprendemos, com nossos avós e nossos pais, a participarmos em comunidade desta celebração, que abre, por assim dizer, as celebrações da Semana Santa.

Embora, às vezes, as forças ainda não eram suficientes, gostávamos de levar em nossas mãos um ramo de palma, de oliveira e outros, manifestando o nosso desejo de participar, embora, talvez, não entendêssemos tudo o que estava acontecendo. Mas a vida de fé, com a participação das celebrações na comunidade, deixou marcas profundas e positivas no nosso coração, para seguirmos o Cristo Jesus até o Calvário.

Este ano, devido à pandemia, assim como no ano passado, o acesso as Igrejas para as celebrações vai ser bastante limitado, mas isso não deve ser pretexto para você não celebrar a sua caminhada fé na semana Santa, participando do Tríduo Pascal da paixão, morte e ressurreição de Cristo. Tenha presente na sua mente e no seu coração, que a fé é a espinha dorsal que nos mantém firmes no seguimento de Jesus, como discípulos e discípulas, levando a nossa cruz, inseridos nos fatos da nossa história pessoal, familiar e comunitária, que muitas vezes temos dificuldades de aceitar.

Os acontecimentos que tocam a nossa vida e a vida dos nossos irmãos e irmãs, e muitas vezes nos ferem na alma e na nossa dignidade humana, são também os que nos levam a buscarmos apoio naquele que é forte e é o único Senhor da glória. Ele se encarnou no seio da Virgem Maria, por obra do Espírito Santo, para redimir, com a vida, a morte na cruz e a ressurreição, a nossa vida e a humanidade que padecia e padece diante das injustiças e da dor causada pela morte.

Ele nos ensina que também nas perseguições e nos momentos difíceis que tocam a nossa vida pessoal, profissional, familiar e comunitária não podemos deixar de ter esperança, de confiar em Deus e a Ele nos dirigirmos. Ele é um Pai que nos acolhe com o abraço do amor misericordioso, principalmente quando estamos desanimados e tristes, com o coração ferido pelo pecado, pela falta de amor, de trabalho e de sucesso profissional, pela falta de saúde que atinge o nosso corpo, mas também o de tantas pessoas que conhecemos e amamos. Por vê-las na dor, também sofremos com elas.

Como Povo de Deus, precisamos ler e escutar a narração da paixão do Senhor com os ouvidos do coração, guiados pelo Espírito Santo, que revela realidades escondidas aos olhos da carne. O Cristo Jesus não se esvaziou da sua natureza divina, mas da glória que possuía na sua condição divina, para viver a dor da realidade humana, obediente ao Pai, até a humilhante morte na cruz: “Pela humildade de Deus vem confundida e curada a soberba humana” (Santo Agostinho). Jesus, que entregou a sua vida na cruz, é o verdadeiro Servo Sofredor, que é ressuscitado e exaltado pelo Pai e proclamado “Senhor”, Rei e Messias, para a salvação de todos os que nele crêem.

Dom José Gislon, OFMCap. – Bispo Diocesano de Caxias do Sul e Presidente do Regional Sul 3 da CNBB