A importância das escolhas
“A felicidade não é algo fácil: é dificílimo encontrá-la em nós e impossível encontrá-la em outro lugar.” (Chamfort)
Escolher é sempre difícil, mas é contingência humana! Junto à liberdade vamos desenvolvendo critérios de discernimento e escolha ao longo da vida. A liberdade, entretanto, acompanha-nos até o momento da nossa decisão. A partir daí “somos escravos do que decidimos.”
Liberdade e responsabilidade, se quisermos assim dizer, são os dois lados de uma mesma moeda. Somos responsáveis não só pelo que cativamos, mas principalmente pelo que escolhemos e pelo que decidimos nos tornar. Vocação é isso! Envolve sentimento, razão, perspectivas de futuro, discernimento e coragem para assumir as consequências decorrentes das opções livremente aceitas e pelos caminhos empreendidos.
Ao nos darmos conta de nossa finitude, munimo-nos da pressa. Temos ânsia de construir, realizar, fazer acontecer o que nos cabe no tempo limitado que dispomos. E angustiamo-nos quando percebemos que a vida parece “empacada”, sem rumo e sem decorrências. Por ser breve, a vida demanda escolhas sensatas, quase nada se repete. Como escolher algo que não nos faça sentir vergonha de nós mesmos ou pena por termos escolhido a pior parte, o caminho menos compensador, uma vida com menos brilho e sentido?
Há escolhas que são para sempre e há decisões temporárias. É possível mudar de profissão, de casa, de cidade a qualquer tempo, mas tudo se torna mais complexo quando se refere às escolhas que imprimem e diferenciam nossa identidade. Daí a importância de não escolhermos qualquer coisa ou qualquer caminho. Há escolhas que são indicadas e há escolhas que são recomendadas. Há escolhas que devemos evitar, pois trarão não apenas aborrecimento e arrependimento, mas a sensação de termos investido tempo e energia no que não pode nos oferecer realização e alegria.
Dentre as escolhas recomendadas encontram-se a escolha da Verdade, da Bondade, da Convivência e da Humanidade. Estas independem do lugar onde vivemos, do tempo em que decorre nossa breve passagem pelo mundo ou do grupo profissional a que pertencemos. São valores perenes e valem para todos. De todas as nossas decisões, certamente, a mais impressionante é a escolha pela humanidade. Escolhê-la não se constitui na aceitação de um fato, mas na decisão de empreender um caminho, um jeito de viver, um exercício ético cotidiano.
Para tornar-se humano é importante ter presente sempre que a minha liberdade, ao contrário do que muitos têm dito, não vai até onde começa a do outro. Pelo contrário, nossas liberdades se entrelaçam, entretecem, porque não existe liberdade sem a presença do outro. Feliz foi a inspiração de Frankl ao afirmar que do outro lado de onde se ergueu a estátua da liberdade dever-se-ia levantar outro monumento: o da responsabilidade.
Que nossas escolhas sejam boas, belas e capazes de ajudar os outros e o mundo ao nosso redor num incremento qualitativo de vida, a fim de que toda vocação seja bênção, resposta ao chamado amoroso de Deus, que a todos nos quer.
Prof. Dr. Rogério Ferraz de Andrade