A luminosidade do Natal
Um símbolo importante do Natal é a vela acesa. A luz suave da vela é diferente da luminosidade das lâmpadas que ofuscam o olhar. A luz da vela ilumina e aquece, é discreta e não agride. Essa luminosidade nasce da cera que se consome. Sua chama se ergue em direção ao céu, como uma oração. Quem acende uma vela acredita que sua oração permanecerá enquanto a vela arder e tem a esperança de que a prece traga luz para a vida e aqueça o coração. No Advento, a vela recorda o Cristo-Luz, que torna a noite feliz. Seu brilho dissipa as trevas e nos convida a ser luz para as pessoas, uma fonte de calor, vida e amor para os outros.
Na noite escura, brilha a estrela de Belém. Depois de verem uma estrela, magos do oriente deixaram-se guiar por ela até o presépio. Com o nascimento de Cristo, brilhou a estrela que clareia todo o coração humano. Porque, vindo das alturas, ele trouxe a Luz para nós, que nos encontramos na escuridão e na sombra da morte. A estrela que está no céu aponta para Deus. O Natal é um convite para nos tornarmos uma estrela que ilumina a noite e a escuridão que nos cerca. A estrela é o astro da fé, que conduz homens e mulheres de todos os tempos na longa busca da verdade. A estrela mostra o caminho, acompanha e aproxima o peregrino da Luz verdadeira que nunca se apaga. Em Cristo, estrela-maior, cada um de nós encontra o sentido profundo de brilhar na Terra para um dia habitar o brilho do Céu.
Como os sábios do Oriente que procuravam a verdade, também nós caminhamos nas estradas da vida em busca da verdade que é Cristo. Eles vêm de diferentes caminhos e anseiam pela Criança Divina. Eles representam o ser humano de diferentes raças e culturas, de diversas religiões e costumes, que pretendem descobrir o mistério da vida. Quem é o ser humano? Quem é Deus? De onde vim e para onde vou? Quem persiste na caminhada chega ao fim, onde está Deus feito carne. A busca da verdade leva a Cristo. No fundo, todos buscam o Menino Divino, no qual resplandece a glória de Deus.
Na beleza da luz do Natal, cada cristão há de proclamar com São Leão Magno: “Não pode haver tristeza quando nasce a vida”. O fulgor e o calor da luz natalina aquece e ilumina a vida de todo ser humano. Natal é tempo de deixar-se banhar por esta luminosidade, sendo capaz de mostrar as sombras e os desvios da vida. Nessa luz, cada ser humano pode reencontrar o sentido da vida, a razão de conviver e o motivo para sorrir em meios aos revezes da vida. Na luz do Natal tudo adquire novo brilho, dissipando as trevas e curando as feridas que o pecado deixa no coração humano. É tempo de restauração, de conversão e alegria.
Na Bíblia, Jesus é considerado o sol que tornará luminoso todo ser que o acolher. Este sol aparece àqueles que estão nas trevas e na sombra da morte, como se lê no Salmo 107 e no capítulo 9 de Isaías. Dessa forma, para todo o ser humano, encarcerado pelo inimigo, arremessado no escuro e refém da morte, há esperança nessa luz que é Jesus. Nesta luz todo ser humano pode dirigir seus passos no caminho de paz.
Dom Leomar Antônio Brustolin – Arcebispo Metropolitano de Santa Maria