A Missão é contínua
A Vida tem idas e vinda e voltas, e nem tudo é como se propõe. Desde que o mundo é mundo, as pessoas fazem e desfazem, prometem, cumprem e descumprem. O ser humano, às vezes, acha que consegue ir até o fim, mas, muitas vezes, não vai até o meio. Entra numa corrida, para no meio, ou diz que vai, mas volta.
Neste tempo em que estamos convivendo, com novos desafios culturais, sociais e ambientais, necessitamos de pessoas com coragem para enfrentarem todas estas situações adversas. É preciso pertença a uma fé sólida e arraigada na força da palavra do Evangelho de Cristo que nos pede: “ Foi-me dada toda a autoridade no céu e na terra. Ide, pois, e fazei discípulos todos os povos, batizando-os em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo.” (Mateus28,18-19).
Diante dos desafios, convém nos perguntarmos: que sociedade está sendo constituída às novas gerações? Antes de abraçarmos o “Ide” e “Fazei” juntos, precisamos realizar a experiência do encontro pessoal com Ele, seja pela oração, escuta atenta da sua Palavra, envolvimento com os problemas e desafios na sociedade de ontem e de hoje; pois é, daí que nasce a nossa missão afetiva e efetiva numa perspectiva totalmente nova e esperançada à nova geração.
Entretanto, é necessário termos feito a experiência do caminho, antes de caminharmos juntos em busca dos isolados e reintegrá-los na vivência comunitária, social e cultural deste tempo.
Consideremos que o núcleo principal desta missão é a pessoa. Precisamos gerar uma cultura do encontro, comprometida com o diálogo para que em atitude de escuta possamos gerar mais possibilidades e desenvolvimento no cuidado com o meio ambiente.
Um velho amigo um dia disse-me: ‘A missão não tem fronteiras’. Não somos estrangeiros neste mundo. O fato de professar a fé cristã, a integrar o âmbito religioso, não nos isola das preocupações terrenas.
Contudo estamos aqui, pela fé e esperança, como peregrinos. Temos uma longa estrada a percorrer, olhos fixos na meta. Nesta caminhada somos e queremos manifestar alegria e perseverança, contagiando, com os mesmos sentimentos, a todos que conosco convivem. Não caminhamos a sós. Formamos uma grande comunidade que se solidariza em tudo, para que nosso caminho seja percorrido com fidelidade e astúcia de um bom samaritano.
O fato de não termos aqui morada definitiva não nos priva das preocupações, por melhores condições de vida, mesmo que sejam transitórias e relativas. Para nós são reais. Por isso exigem solidariedade e acolhida. Somos um povo a caminho e em missão contínua: alegres pela esperança e seguros no trânsito que gere um novo humanismo, com pessoas sensíveis com a dor do outro e comprometidos na busca por soluções sólidas que prezem pela Vida acima de tudo.
Dom Darley José Kummer – Bispo Auxiliar da Arquidiocese de Porto Alegre