A missão, o quarto pilar da casa

A “casa” que estamos abordando nestes últimos artigos, símbolo bíblico da vida eclesial, nasce da missão e envia em missão. É constituída por pessoas de fé em Jesus Cristo, pela aproximação filial com a Palavra; que celebram os sacramentos e dialogam com o Senhor; que vivem o amor e a misericórdia que aprendem do Bom Pastor. Esta casa é chamada a ser comunidade eclesial missionária. Isto porque é da identidade da Igreja, que desde o dia em que o Ressuscitado a enviou em missão, vai testemunhar e pregar a boa nova trazida por Jesus Cristo. Essa é nossa missão irrenunciável. Demoramos muito tempo para percebermos que tínhamos parado de ir e anunciar. Anunciamos porque somos motivados pelo “amor que recebemos de Jesus, aquela experiência de sermos salvos por Ele, que nos impele a amá-lo cada vez mais. Um amor que não sentisse a necessidade de falar da pessoa amada, de apresentá-la, de torná-la conhecida, que amor seria?” (EG, n. 264).

Ao nos perguntarmos sobre o terreno, o lugar, onde a semente boa que é lançada – segundo a parábola do semeador (Mt13,1-9) – hoje nos deparamos com o “Brasil cada vez mais urbano”. Isto não nos deve assustar, visto que o cristianismo nasceu nas cidades, com seu grande pregador Paulo, conforme lemos nas suas cartas. O mundo urbano traz consigo grandes novidades e desafios, mas, também, oportunidades. Este mundo tem “uma porta para o Evangelho, e as comunidades cristãs precisam ter um olhar propositivo sobre esta realidade” (CNBB, Diretrizes, n. 114). Precisamos preparar missionários para anunciar Jesus Cristo, mais do que administradores da instituição. Missionários leigos e leigas, na Igreja e no mundo e nos vários ambientes. Missionários seminaristas, que formem um coração de pastor, para que depois possam viver como presbíteros, tendo como primeira missão o anúncio da Palavra, e, posteriormente as demais missões. A formação de pequenas comunidades, com pessoas próximas uma das outras, é um espaço de maior simplicidade da vivência da fé, que, depois encontra seu elo de comunhão na realidade paroquial. O missionário comunica por suas palavras e, sobretudo, pelos seus gestos de acolhida e proximidade. Temos consciência clara que o evangelho de Jesus Cristo continua a dar “resposta às necessidades mais profundas das pessoas, porque todos nós fomos criados para aquilo que o Evangelho nos propõe: a amizade com Jesus e o amor fraterno” (EG, n. 265).

O grande anúncio deve ser sempre Jesus Cristo e seu evangelho do Reino. Este anúncio precisa ser explícito. Não se pode supor que as pessoas já tenham sido evangelizadas. Até, porque, o anúncio fundamental de nossa fé pede que seja continuamente repetido e aprofundado. Já nos recordava o Papa Bento XVI que “sucede não poucas vezes que os cristãos sintam maior preocupação com as consequências sociais, culturais e políticas da fé do que com a própria fé, considerando esta com um pressuposto óbvio da sua vida diária. Ora tal pressuposto não só deixou de existir, mas frequentemente acaba até negado” (PF, n.2). Mas, também, passa por gestos bem humanos de acolhida, consolo, proximidade e diálogo. Sempre a evangelização se dá com nossa humanidade.

Com certeza, se elevarmos o nível de alegria do anúncio do Evangelho, teremos comunidades mais vivas, com uma fé madura. Teremos, também, jovens conscientes dos valores, vocações ao sacerdócio, à vida consagrada e à vida matrimonial. Temos certeza que o caminho é a missionariedade. Apoiemos nosso caminho de uma missão permanente em cada comunidade da Diocese.

Dom Adelar Baruffi – Bispo Diocesano de Cruz Alta