A Missão Salvadora de Jesus

 

A humanidade, devido ao pecado original, sempre foi atingida por sombras, perigos e doenças que causam sofrimento. A 1a Leitura de hoje (Levítico 13,1-2.44-46) revela, no tratamento que se devia dar a um leproso, a impotência humana frente a esta enfermidade. Desde os tempos antigos, a dor tem sido uma companheira constante na jornada humana da história. Na Palavra de Deus, encontramos referências ao mal, à doença e à lepra, aguardando por um libertador. Esse libertador é anunciado como o Messias. Quando Jesus começa a pregar o Reino, Ele se apresenta como o Messias prometido, e os evangelistas destacam essa importante circunstância. Jesus demonstra seu poder sobre as doenças, a lepra e o pecado, revelando assim sua missão de salvar a humanidade. Os evangelistas ressaltam o poder divino de Jesus, sua bondade e sua atenção para com os que sofrem, como evidenciado no encontro com o leproso, citado no Evangelho de hoje (Marcos 1,40-45). Ele é tocado por Jesus e curado de sua lepra.

O passado continua a ser relevante atualmente, convidando-nos a interiorizar a presença viva e atual de Jesus e a propor ao mundo contemporâneo um futuro de esperança. Em cada cristão, a Igreja vê uma profecia do futuro, alguém que recebe e anuncia, na vida pessoal e comunitária, o tesouro da graça. A doença e a lepra são símbolos do pecado que Jesus veio curar, uma cura à qual todo cristão pode se submeter ao se deixar tocar por Ele, aceitando, como consequência, a nobre missão de propagar a mensagem salvadora. Muitas vezes, o maior mal que pode afligir ao ser humano hoje pode ser atribuído à falta de fé e coragem, ao contrário do leproso que se aproximou de Jesus com confiança. É necessário superar o respeito humano, ir decisivamente ao encontro de Jesus com nossas enfermidades e pecados, usando os meios que Ele nos deixou através de sua Igreja. E depois, espalhar os dons de Deus em todos os lugares, mostrando a alegria de ter sido atingido pela graça e de pertencer à comunidade cristã. O cristão curado por Jesus transforma-se em alguém que busca espalhar ao redor de si os efeitos benéficos da graça recebida.

As realidades físicas descritas nos textos sagrados são metáforas, são sinais de realidades espirituais mais profundas. O pecado é a maior doença espiritual, que dificulta a vida em comunhão com Deus. É essencial falar sobre o pecado em todas as suas formas, sempre destacando sua natureza como desobediência a Deus e atentado à dignidade humana. Os mandamentos e a consciência retamente iluminada pela fé devem guiar a vida do cristão, que busca escutar a voz de Deus através da própria consciência, das exortações da Igreja e da leitura atenta das Escrituras.

Assim como o alimento sustenta o corpo, a vida espiritual deve ser alimentada por Cristo e seus dons. A oração, o louvor à Santíssima Trindade e a reconciliação com o amor de Deus são essenciais para fortalecer a vida espiritual e curar as doenças que nos afligem. Jesus demonstra que as normas rituais e formais não têm valor diante de Deus se não forem acompanhadas por uma decisão humilde e confiante de buscar a purificação do coração.

São Paulo, na 2a Leitura (1 Coríntios 10,31-11,1) nos lembra em suas palavras que devemos fazer tudo para a glória de Deus. Isso significa que nossa vida, nossas ações e nossas escolhas devem refletir a santidade e o amor de Deus. Seguir os ensinamentos de Jesus e viver de acordo com sua vontade é a verdadeira missão salvadora que continua presentemente.

 

Dom Antonio Carlos Rossi Keller – Bispo de Frederico Westphalen