A Sabedoria dos Mandamentos Divinos e o Caminho de Cristo

 

Os mandamentos da Lei de Deus são como as orientações amorosas de um pai para seus filhos. Às vezes, não entendemos suas razões até enfrentarmos as consequências da desobediência.

A 1ª Leitura deste Domingo (Êxodo 20,1-17) nos apresenta a Lei de Deus, dada ao povo por Moisés

Os inícios da história da humanidade foram marcados por uma atitude de rebeldia inconsequente, uma desobediência irresponsável, que trouxe consequências dramáticas para todos. Sofremos hoje, porque estamos enraizados em uma desobediência estrutural. Somos como um edifício construído sobre alicerces inadequados: o resultado esperado é a de uma estrondosa queda.

Seguir os mandamentos é um ato de humildade e inteligência. Assim como seguir as instruções do fabricante ao utilizar uma máquina complexa, obedecer aos mandamentos de Deus garante nosso funcionamento adequado e o bem-estar da humanidade.

Deus enfatiza os três primeiros mandamentos como fundamentais, pois estão relacionados a Ele, e são a base para os outros sete, que se referem ao próximo. Sem o amor a Deus, o amor ao próximo torna-se vazio, apenas uma forma de egoísmo disfarçado.

O primeiro mandamento não proíbe imagens em si, mas a idolatria. Deus permitiu a criação de imagens com propósitos específicos, como a serpente de bronze no deserto, prefigurando a crucificação de Jesus. Idolatria não se limita a imagens de pedra ou madeira, mas pode se manifestar em várias formas, como a adoração ao dinheiro, conforto ou progresso.

A reverência à casa de Deus também é apresentada por Jesus, no Evangelho de hoje (João 2,13-25) como essencial. Assim como Jesus expulsou os comerciantes do templo, devemos preservar o ambiente sagrado para a oração e reflexão. Devemos ser exemplos de respeito, corrigindo aqueles que não o demonstram. É preciso retomar o respeito dentro de nossas Igrejas, em alguns lugares, tão desvalorizados por atitudes de conversas, vestes não adequadas e outras atitudes inaceitáveis.

Contudo, não podemos nunca nos esquecer que somos também nós templos vivos do Senhor. E daí a necessidade de buscarmos estar sempre na Graça de Deus, para que nada desfigure este templo santo, no qual Deus quer habitar.

O caminho de Cristo é quase sempre considerado loucura para o mundo. São Paulo destaca isso na 2ª Leitura (1 Coríntios 1,22-25) ao falar sobre a mensagem da cruz, que era escândalo para os judeus e loucura para os gentios. No entanto, o tempo sempre revela a sabedoria das palavras de Cristo. Esta sabedoria é eterna e imutável.

A Quaresma é um tempo para contemplar a Paixão de Jesus. A cruz fala do amor divino, da maldade do pecado e da vitória sobre ele. É um convite para abandonar o medo do sofrimento e encontrar sentido na entrega de si a Deus e pelos outros.

Que possamos nos preparar para a Páscoa vivenciando a paixão de Cristo na intensificação de nossa oração, em nossas penitências como sinal de renúncia ao pecado e de reparação pelos nossos pecados e os do mundo inteiro e na caridade para com o próximo, cuidando, neste ano, do incentivo ao cultivo da amizade e da fraternidade.

E que Maria Santíssima, corredentora com seu Filho, nos ajude a seguir fielmente a vontade de Deus e a contribuir para a salvação daqueles que nos cercam.

 

Dom Antonio Carlos Rossi Keller – Bispo de Frederico Westphalen