A Sagrada Família

Depois da sintética apresentação da Carta Apostólica Corde Patris do Papa Francisco sobre São José, voltemos nosso olhar para a Sagrada Família, modelo eterno das famílias cristãs. Na proximidade da Semana da Família, o vosso Irmão-bispo saúda as famílias em nome da grande família diocesana, que louva e agradece a Deus, porque, em vós e através de vós, Ele continua a realizar as maravilhas de seu amor. A Igreja sempre deu grande valor à família, considerando-a “patrimônio da humanidade, um dos tesouros mais preciosos dos nossos povos”. O Documento de Aparecida a considera “lugar e escola de comunhão, fonte de valores humanos e cívicos, lar onde a vida humana nasce e se acolhe generosa e responsavelmente”. Ela também se torna escola de fé, fazendo dos pais os primeiros catequistas de seus filhos. É com eles que acontece o verdadeiro caminho da iniciação cristã. Ela é considerada santuário da vida e pequena Igreja, isto é, Igreja doméstica(cf. DAp 302-303).O maior recolhimento, motivado pela pandemia do covid-19, restringiu consideravelmente nossa presença nos templos e, em consequência, nos distanciou das celebrações normais durante o Ano litúrgico. Essa nova realidade revelou-noso quanto é importante o cultivo da vida de fé em nossas famílias. A família tornou-se necessariamente uma Igreja doméstica, a Igreja da Casa, onde acontecem os encontros ao redor da Palavra de Deus ou são acompanhadas celebrações pelas redes sociais. Outros ainda rezam através das devoções populares.

A Família de Nazaré é modelo referencial da família cristã. Mesmo com os limites humanos, nossas famílias têm muito de santo e sagrado. O Papa Francisco afirma: “A grande missão da família é dar lugar a Jesus que vem, acolhê-lo na família, na pessoa dos filhos, do marido, da esposa, dos avós. Jesus está ali”. Como seria hoje uma família inspiradaem Jesus? OPePagola responde: “A família, segundo Jesus, tem sua origem no mistério do Criador, que atrai a mulher e o homem a ser ‘uma só carne’, partilhando a sua vida numa entrega mútua, animada por um amor livre e gratuito. Esta é a primeira coisa, e a mais decisiva… Seguindo o chamado profundo do seu amor, os pais convertem-se numa fonte de vida nova… Os filhos são um presente e uma responsabilidade. Um desafio difícil e uma satisfação incomparável. A ação de Jesus, sempre defendendo os pequenos e abraçando e abençoando as crianças, sugere a atitude básica: cuidar da vida frágil daqueles que começam a caminhar neste mundo… A casa torna-se então um espaço privilegiado para viver as experiências mais básicas da fé: a confiança num Deus bom, amigo do ser humano; a atração pelo estilo de vida de Jesus; a descoberta do projeto de Deus para construir um mundo mais digno, justo e amável para todos… Num lar onde se vive o seguimento de Jesus com fé simples, mas com grande paixão, cresce uma família acolhedora, sensível ao sofrimento dos mais necessitados, onde se aprende a partilhar e a comprometer-se com um mundo mais humano”.

Neste espírito, rezemos pelas nossas famílias: Ó Deus Trindade, comunhão perfeita no amor. Nossas famílias vos louvam e agradecem, por serem chamadas a realizar as maravilhas do vosso amor, no aconchego de seus lares. Sejam ambientes onde a vida humana nasce e se acolhe, generosa e responsavelmente. Cada família possa tornar-se escola de fé, fazendo dos pais os primeiros catequistas de seus filhos, começando em casa o processo da iniciação à vida cristã. Possam tornar-se santuário da vida e Igreja doméstica. Afastai delas o egoísmo, que fere de morte o amor e o compromisso com a vida. Ó Deus Trindade, por intercessão da Família de Nazaré, abençoai nossos lares e transformai-os em vivos sacrários de amor. Amém.

Dom Aloísio Alberto Dilli – Bispo de Santa Cruz do Sul