A ternura em tempos de pandemia

O mês de maio traz recordações bonitas, que nos remetem à nossa infância, ao aconchego do lar, à ternura de nossas mães, que mesmo na simplicidade e despojamento de conforto e bem-estar material, nos acolheram para a vida. Elas nos carregaram nos braços, se alegraram com os nossos primeiros passos, as nossas primeiras palavras, nos incentivaram a percorrermos o caminho do discernimento vocacional e da escolha de vida. Mesmo sabendo que as nossas escolhas poderiam nos levar para longe de seus olhos, ficava sempre a confiança, de nossa parte, que estávamos presentes em seus corações.

O coração de mãe não cansa de amar, mesmo sofrendo com a dor que toca a vida dos filhos. Ela é uma força presente mesmo no silêncio, como foi Maria, a mãe de Jesus, diante da cruz. E no silêncio, muitas vezes chora, para não deixar transparecer aos filhos a dor que está sentindo no coração, pelos acontecimentos da vida.

Quem precisou deixar a casa paterna, na adolescência ou na juventude, para seguir o chamado do coração ou a formação profissional, sabe o que significa despedir-se, dar um abraço, ver as lágrimas descendo no rosto da mãe, sabendo que por um longo tempo, a força do amor era o único elo que os mantinha próximos.

Hoje, as distâncias físicas continuam existindo, mas graças às novas tecnologias de comunicação, temos muito mais oportunidades de nos fazermos ver e sentir. Mas não esqueçamos que, mesmo conectados com o mundo através das novas tecnologias, precisamos aprender a nos conectarmos humanamente e afetivamente com as pessoas que amamos e fazem parte da nossa vida.

A dor que sinto no coração quando ouço uma mãe ou um pai dizerem: “Trabalhei tanto para que meus filhos pudessem estudar, ter uma profissão e oportunidades na vida, que eu não tive, e agora que estão colocados, parece que não lembram mais da gente, raramente telefonam e quase nunca nos visitam”!

Na vida, quando deixamos de olhar o caminho percorrido, podemos acabar esquecendo também quem nos ajudou a caminhar, ou quem encontramos ao longo do caminho. O amor, a ternura e o perdão, nos ajudam a romper as distâncias que nos separam das pessoas que fazem parte da nossa vida, para mantê-las presente no nosso coração, mesmo em tempo de pandemia e isolamento social.

Minha gratidão, estima e preces a todas as mães, pelo vosso dia.

Dom José Gislon, OFMCap. – Bispo Diocesano de Caxias do Sul