A verdadeira rede social
Neste domingo (02) celebramos o 53º Dia Mundial das Comunicações Sociais e o Papa Francisco em sua mensagem para o dia faz importantes reflexões sobre o uso da internet, de acordo com o tema escolhido “Somos membros um dos outros (Ef. 4,25) das comunidades de redes sociais à comunidade humana”. Na mensagem Francisco faz um apelo para que as redes sociais sejam espaços para aproximação das pessoas, um meio e não um fim, um recurso para o encontro e não um espaço de divisão.
Com o livre acesso às redes sociais, podemos encontrar uma arena onde existem inúmeras formas de separação entre as pessoas. A exposição de ideias, muitas vezes agressivas, não contribuem de forma eficaz para união das pessoas, mas isola grupos em suas próprias ideias, fechados ao diálogo, danificando o que podemos chamar de rede. A rede quebra as hierarquias e estruturas igualando os seus membros. Na rede não há diferenças sociais, mas pode acontecer que as diferentes ideias não se associem, mas se isolem. A metáfora da rede, lembra o Sumo Pontífice, “lembra outra figura densa de significados: a comunidade”.
No Evangelho, Jesus nos explica que quando alguém tem um problema com um irmão de sua comunidade deve primeiro falar com ele. Se não resolvido, chame testemunhas para tentar resolver e caso ainda não sanado o problema com o irmão deve, neste momento apenas, expor para a comunidade. (Mt. 18, 15-17) Já na comunidade das redes socias podemos observar que muitas vezes quando alguém tem um problema com um irmão ou discorda de uma atitude vai diretamente para sua “linha do tempo” e expõem para milhares de pessoas o outro sem antes procurar os passos misericordiosos da correção fraterna. É neste ambiente instantâneo que surge o cyberbulling entre os jovens, que leva até mesmo ao suicídio, as inimizades entre membros de uma mesma família por questões políticas e ideológicas, a manipulação de dados pessoais para uso econômico, entre outras tragédias cibernéticas, que saem do mundo virtual e entram no mundo real. Assim surgem também os “eremitas sociais”, que segundo Francisco “correm o risco de se tornar alheios totalmente da sociedade”.
Apesar de todos os problemas citados, as redes também são espaços de aproximação. A verdadeira comunicação tem que nos levar para o encontro, para “comunhão e alteridade”. Acredito que o mais importante nos dias de hoje, numa sociedade com baixa pertença organizacional, são as pessoas não se considerarem concorrentes, mas cooperadores. Numa organização eclesial as pessoas se unem por uma causa específica, Cristo, se sentindo pertencentes a esta causa. Existem uma série de outros movimentos sociais que surgem por necessidades que movem as pessoas em uma rede, fazendo com que os presentes nesta rede sejam “companheiros de viagem”, sendo suportes um para o outro, e as redes sociais são meios para esta aproximação. Esse caminho de humanização necessita de empatia, do olhar caridoso para a história do outro e uma certeza: somos diferentes em uma rede e nas diferenças a rede se fortalece. Atentamos ao pedido do Papa Francisco e procuremos viver uma verdadeira comunidade humana a partir das redes sociais.
Rio Grande, 02 de junho de 2019
Bruno Soares Rios
Coordenador da Pastoral da Comunicação
Diocese do Rio Grande