A vigilância cristã

Dom Antônio Carlos Rossi Keller – Bispo de Frederico Westphalen

A verdadeira sabedoria na condução da vida presente, anunciada na 1ª Leitura da Missa de hoje (Sabedoria 6,12-16) é-nos ensinada por Jesus na Parábola das dez virgens do Santo Evangelho (Mateus 25,1-13). Cinco delas sabem conduzi-la bem; as outras cinco encaram esta situação com leviandade.

As dez virgens estão numa situação provisória. Saíram das suas casas e estão ali à espera de partir com o esposo para o festim das núpcias.

Devem estar preparadas, não só para partir num momento inesperado, como também levar consigo azeite que mantenha a iluminação das lucernas durante a festa.

Esta é a nossa situação na vida presente. Saímos das mãos de Deus, por um chamado á vida que Ele nos dirigiu, de mãos dadas com o ministério da vida de nossos pais.

Não estamos aqui por acaso. Foi um chamado de amor que nos tornou membros da comunidade humana e participantes da glória eterna no Céu.

Para tomar parte na festa existe apenas uma exigência: levar as lucernas acesas e mantê-las assim para iluminar o ambiente por toda a eternidade.

A luz da graça santificante que recebemos no Batismo só se mantém acesa se a alimentarmos com o azeite das boas obras pessoais. Se alguma vez se apaga, pode reacender-se no sacramento da Reconciliação e Penitência.

A solidariedade nos caminhos da salvação não chega até ao ponto de suprirmos a nossa preguiça e desleixo com a diligência alheia. Não faltam pessoas que alardeiam o seu parentesco com pessoas importantes da Igreja. Isso de nada lhes vale. O azeite das boas obras tem de ser pessoal.

Também na vida espiritual é preciso prever as lutas, fortalecendo a vontade com pequenas batalhas, para enfrentá-las. É preciso dar tempo à oração, à conversa íntima com o Senhor que nos familiariza com Ele e aumenta a nossa amizade. Além disso, é preciso frequentar os sacramentos, especialmente o da Confissão e o da Eucaristia.

Deste modo, quando chega o momento escolhido por Deus, estaremos preparados. Muitas pessoas descuidam de tal modo da salvação, que vivem como se ela dependesse da sorte, dum jogo de azar. Só assim se compreende que vivam habitualmente em pecado mortal, em situações de pecado, sempre à espera de terem a sorte de a morte coincidir com o momento em que estão na graça de Deus.

Faz-nos bem encontrarmo-nos com Deus na intimidade, todas as noites, a pedir-Lhe que lance um olhar à nossa vida, a ver se tudo está em ordem.

É preciso que quando soar o anúncio – “aí vem o esposo, vinde ao seu encontro” – tenhamos conosco as lucernas acesas e as boas obras para que assim continuem.

Aprendamos o valor da vigilância e da perseverança, para vivermos sabiamente esta vida, feita de um tempo determinado por Deus no qual somos chamados a crescer e a orientar nossa existência, direcionando-a para a felicidade eterna junto de Deus.

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