A vinha do Senhor é a Casa de Israel

O Salmo Responsorial deste Domingo (Salmo 79), nos diz que “A vinha do Senhor é a Casa de Israel”. Esta é uma recordação poderosa de nossa identidade como cristãos. Assim como a Casa de Israel foi comparada a uma vinha cuidadosamente cultivada pelo Senhor, também nós, os cristãos, somos enxertados em Cristo por meio do Batismo, tornando-nos as cepas escolhidas de Deus. Ele não poupou esforços para nos cultivar e embelezar como sua vinha preciosa.

A Graça de Jesus Cristo nos reveste, e somos adornados com virtudes e dons sobrenaturais. Continuamente, somos nutridos pelos santos Sacramentos, guiados e protegidos pela nossa Mãe, a Santa Igreja. Deus nos cumulou de bens além dos nossos méritos e desejos, como nos recorda a oração Coleta da Missa de hoje:

Ó Deus eterno e todo-poderoso, que nos concedeis, no vosso imenso amor de Pai,

mais do que merecemos e pedimos,

derramai sobre nós a vossa misericórdia,

perdoando o que nos pesa na consciência e dando-nos mais do que ousamos pedir.

Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.”

Ele fez tudo o que podia por sua vinha, como nos lembra a 1a Leitura (Isaías 5,1-7).

No entanto, o Senhor tem expectativas sobre nós. Ele espera que produzamos frutos saborosos, não uvas azedas. Temos a obrigação de dar frutos, não só como sinal de fidelidade pessoal ao Senhor, mas que também que satisfaçam a fome espiritual de tantas almas ao nosso redor. Com todos os meios sobrenaturais e a doutrina que temos à nossa disposição, podemos iluminar as vidas de nossos irmãos com a graça de Jesus Cristo, que vive em nós. Deus semeou a boa semente em nós para podermos dar uma colheita abundante. Afinal, a glória de Deus está na nossa capacidade de produzir frutos abundantes.

No entanto, para alcançar essa fecundidade apostólica, devemos estar unidos a Jesus Cristo. Como Ele mesmo disse: “Quem permanece em mim, e Eu nele, dará muito fruto, porque, sem Mim, nada podeis fazer.” A união vital com Cristo é essencial para nossa fertilidade espiritual. Aqueles que estão separados dele são como varas secas, símbolo vivo da esterilidade.

Além da união com Cristo, é necessário esforço e disposição constante para viver as virtudes sobrenaturais e humanas em nossas ações apostólicas. Devemos ser corajosos, trabalhadores, práticos, versáteis e dinâmicos em nossa missão. A paciência, a constância e o tempo desempenham um papel crucial na nossa capacidade de dar fruto.

O Evangelho também nos fala da vinha do Senhor (Mateus 21,33-43). O Senhor pedirá contas de sua vinha. Assim como uma vinha precisa ser lavrada, limpa de pedras e podada, nós também precisamos ser cuidadosamente preparados para dar frutos. Isso pode ser doloroso, mas a maturidade nas obras e a beleza dos frutos são o resultado desse processo pelo qual vale a pena deixar-se “cultivar” pelo Senhor.

A oração, o sacrifício e a ação são fundamentais. Com esses elementos, Deus abençoará nosso esforço, e nossa terra produzirá frutos abundantes. Devemos manter nossos pensamentos em tudo o que é verdadeiro, nobre, justo, puro, amável e de boa reputação, como nos diz o Apóstolo São Paulo na 2a Leitura de hoje (Filipenses 4,6-9). Nosso dever de cristãos exige de nós vigiarmos e orar constantemente, estabelecer metas apostólicas claras e levar almas para Deus.

Nossa Mãe, a Virgem Santíssima, é um modelo de fecundidade apostólica. Assim como ela gerou Cristo por meio do Espírito Santo, também podemos gerar frutos no coração dos fiéis, por meio da Igreja. Ela intercede por nós junto a Deus, obtendo graças abundantes para podermos produzir muitos frutos de boas obras e guiar muitas almas em direção a Deus durante nossa vida terrena. Que possamos seguir o exemplo da Virgem Maria em nossa missão de ser a vinha do Senhor.

Dom Antonio Carlos Rossi Keller – Bispo de Frederico Westphalen