A virtude da gratidão
Tudo na vida é graça e dom de Deus.
Os pássaros no céu, os animais no campo, as árvores na floresta, as flores e plantas, os peixes na água, os rios e mares, os campos ondulados, as montanhas, os vales: tudo são presentes de Deus. Temos a obrigação de sermos agradecidos a Deus. O criador do céu e da terra tem direito ao nosso reconhecimento, à nossa amizade e gratidão. A piedade filial nasce da gratidão e da admiração, e devemos encorajar essa admiração e gratidão em nós mesmos, percebendo os muitos trabalhos diferentes que podemos fazer com nossas mãos, os lugares que podemos alcançar com nossos pés, as palavras que podemos dizer com os nossos lábios.
Da mesma forma, devemos despertar em nossos corações a consciência do amor infinito de Deus por nós, do cuidado paternal daquele que cuida de nós, até chegar ao menor detalhe de nossa vida.
O Evangelho deste Domingo (Lucas 17,11-19) nos mostra como Jesus sentiu a ingratidão dos outros nove leprosos curados e perguntou: “Não foram dez os curados? E os outros nove, onde estão? Não houve quem voltasse para dar glória a Deus, a não ser este estrangeiro?” Onde estão tantos irmãos nossos, católicos como nós, que não vêm à nossa Eucaristia dominical? Eles não têm também muito a agradecer a Deus?
Dar glória a Deus significa reconhecer e aceitar seu poder infinito. Toda a criação deve glorificar a Deus, cantar louvores ao Criador; como uma grande sinfonia em louvor à sua soberania.
Infelizmente hoje, como sempre na história humana, acontece o que nos diz São Paulo na Carta aos Romanos (1:21): “apesar de conhecerem a Deus, não o glorificaram como Deus nem lhe deram graças”. Como é triste a ingratidão, especialmente para com Deus.
Somos ingratos quando não rezamos, quando não nos dedicamos em aprender o que Deus quer nos ensinar por meio de sua Igreja, quando deixamos de lado os meios que Ele nos oferece para nossa salvação: a Santa Missa, a Eucaristia, a Confissão dos pecados…
Somos convidados a aprender de Jesus. Toda a vida de Jesus Cristo é uma referência constante ao Pai: suas ações, seu alimento constante, tudo na vida de Jesus é para a glória de seu Pai. Devemos imitar Jesus, com esse respeito infinito pela grandeza de Deus, com esse respeito amoroso, com essa admiração alegre expressa em palavras e ações.
Deus é o único bem verdadeiro e não perecível em nossa vida, a única beleza, a beleza suprema – o único com direito ao nosso total amor, à nossa completa admiração: «Majestade e esplendor diante dele: força e esplendor na sua morada de santidade» (Salmo 95).
Em qualquer situação de nossas vidas, nós, os discípulos de Cristo, não podemos perder este foco: nossa vida deve ser um grande louvor de gratidão a Deus. O louvor característico da liturgia, é como um sinal sensível de adoração, amor e piedade filial a Deus. A oração faz parte da natureza mais íntima da própria Igreja, que se define como uma comunidade de oração.
Nós, cristãos, temos uma tarefa especial e gloriosa de louvar o Deus Uno e Trino por Sua bondade, beleza suprema e Seu plano misericordioso para nossa salvação sobrenatural.
“Cantai ao Senhor Deus um canto novo, porque Ele fez prodígios!” (Salmo 97).
Dom Antonio Carlos Rossi Keller – Bispo de Frederico Westphalen