A Visita Ad Limina

Nos primeiros dias de maio, os bispos do Rio Grande do Sul viajam a Roma para a Visita Ad limina Apostolorum.  Trata-se de um encontro que em condições normais deveria ocorrer a cada quinquênio, no qual cada bispo apresenta à Santa Sé e ao Papa o relatório sobre a situação pastoral de sua diocese.

Essa visita se denomina Ad limina Apostolorum porque traduzida do latim significa: no limiar, na entrada, nos limites (das basílicas) dos túmulos apóstolos São Pedro e São Paulo.   Teologicamente, a visita manifesta a plena comunhão entre a Igreja no mundo, presidida pelo sucessor do Apóstolo Pedro, o Papa, e as Igrejas locais: as dioceses e arquidioceses, presididas pelos sucessores dos Apóstolos, os bispos e arcebispos. Esta visita está prevista no Código de Direito Canônico da Igreja Católica: “O Bispo diocesano, vá a Roma no ano em que está obrigado a apresentar o relatório ao Sumo Pontífice, se de outro modo não houver sido decidido pela Sé Apostólica, a fim de venerar os sepulcros dos Bem-aventurados Apóstolos Pedro e Paulo, e apresente-se ao Romano Pontífice” (Cânone. 400).

Essa visita traduz bem o sentido da palavra católico, que significa universal, ou seja, é uma só fé vivida no mundo segundo a tradição bimilenar da Igreja. Ir a Roma é ter contato com o local onde a Igreja floresceu.

Especialmente os bispos visitarão a Basílica Vaticana onde se encontra o túmulo do Príncipe dos Apóstolos: São Pedro e igualmente visitam a Basílica de São Paulo fora dos muros, onde está o túmulo do apóstolo Paulo. Além dessas veneráveis igrejas, também a Basílica de Santa Maria Maior e a de São João do Latrão serão visitadas pelos prelados gaúchos.  Nessas basílicas celebrarão a Eucaristia e reconhecerão a imensa herança recebida pela tradição apostólica e de certa forma simbolizada na edificação desses importantes templos católicos.

Além das celebrações, ocorrerão também reuniões de trabalho com diversos organismos, dicastérios e comissões pontifícias da Santa Sé que se responsabilizam pela formação do clero, pela doutrina da fé, pela educação católica, pelo desenvolvimento humano integral, pela vida consagrada, entre outras.  Um momento esperado de toda a visita é o encontro dos bispos com o Santo Padre o Papa Francisco. Ele receberá o grupo e dialogará com os bispos para perceber as alegrias e esperanças, os desafios e preocupações da Igreja no Rio Grande do Sul. Encontrar o Papa é sempre motivo de renovar o sentimento de afeto e obediência aos seus ensinamentos. Ele tem a missão de confirmar seus irmãos na fé. Com ele professamos ser a Igreja una, santa, católica e apostólica.

Vale lembrar que os relatórios de cada diocese já foram enviados previamente, por isso tanto o Papa, como os cardeais das diversas congregações, terão alguma noção de como estamos vivendo a fé cristã no atual contexto. Espera-se, também, que a partilha de experiências e o alargamento da visão eclesial proporcionado pela visita à Cidade Eterna, inspire a pastoral e a organização da Igreja em nossas arquidioceses.

Dom Leomar Antônio Brustolin – Arcebispo Metropolitano de Santa Maria