Administrar os bens recebidos de Deus
O Evangelho deste Domingo (Lucas 16, 1-13), fala-nos que devemos ser bons administradores do que recebemos de Deus. Administrar é gerir os bens segundo a mentalidade e o desejo do dono, e não segundo os nossos gostos.
Ao chamar-nos à vida na terra, o Senhor confiou-nos a administração de muitos bens. Todos recebemos dons em abundância para administrar. Não podemos viver de qualquer modo.
Julgamo-nos facilmente donos de tudo: da vida, do tempo, do dinheiro, etc. Mas somos apenas administradores de tudo isto. O Senhor concedeu-nos a administração da vida, da saúde, do tempo, das qualidades pessoais e carismas e das condições de vida para que, fazendo-o segundo a vontade de Deus, alcancemos uma glória eterna no Céu.
O sacerdote, por exemplo, é administrador dos dons de Deus recebidos na ordenação sacerdotal, em favor das pessoas: a faculdade de consagrar o pão e o vinho, transubstanciando-os no Corpo e Sangue do Senhor; a faculdade de absolver os pecados e de administrar os outros sacramentos; e de anunciar a Palavra de Deus. Além disso, a Igreja faz em cada sacerdote um investimento colossal de formação, para que ele possa render ao serviço das almas.
Na vida matrimonial, os pais não são donos dos filhos, mas administram-lhes a educação, procurando que neles se realize os planos de Deus. Sendo tão importante este trabalho com o qual preparam uma eternidade feliz ou infeliz para eles, Deus há de pedir-lhes contas do modo como cumpriram este dever de administração.
Todos recebemos de Deus carismas pessoais. Cada pessoa recebeu carismas – qualidades e capacidades – que não se destinam à própria honra e glória, mas devem ser administrados para glória de Deus.
Quando nos pedem um serviço, uma ajuda ou colaboração, o mais fácil é dizer que não podemos, não sabemos, não temos jeito ou disponibilidade. No entanto, a resposta não deve ser dada às pessoas da terra, mas ao próprio Deus, porque somos Seus administradores dos dons recebidos.
Se vivermos como bons filhos de Deus, não prestaremos contas, mas “apresentaremos contas”, como um trabalhador ao fim do trabalho encomendado.
No Evangelho deste Domingo, Jesus não elogia nem aprova a desonestidade deste administrador que procurou assegurar o futuro prejudicando o senhor dos bens. Escrevendo uma quantia inferior à da dívida, prejudicava os interesses de quem lhe confiou a administração.
Mas louva a sagacidade dele, ao procurar acautelar o futuro, arranjando amigos no exercício da sua administração.
Todos os dons que recebemos de Deus para administrar hão de ser um meio para conquistarmos muitos e bons amigos.