Alegria de Deus é a nossa sorte
Meditando as leituras bíblicas que nos brinda a liturgia deste final de semana temos a sensação de estarmos envolvidos por um grande mistério de amor, o transbordamento do amor misericordioso de Deus. Se a maior alegria de Deus é que a pessoa se converta e viva, podemos concluir que sim, essa é a nossa sorte. A palavra de Deus escancara essa verdade de várias formas e isso é muito, mas muito bom para nós, seres humanos marcados pela fragilidade e vulnerabilidade. Fica evidente que o Pai misericordioso nos espera ansiosamente para o abraço do perdão. É tão bom de vez em quando fazer essa experiência. No nosso retiro dos bispos em Aparecida tivemos a oportunidade de lavar nossa alma celebrando o sacramento da Reconciliação.
A experiência de Paulo ao escrever ao seu amigo Timóteo revela essa riqueza: “Agradeço aquele que me deu força, Cristo Jesus, pela confiança que teve em mim ao designar-me para o seu serviço, a mim, que antes blasfemava, perseguia e insultava. Mas encontrei misericórdia, porque agia com a ignorância de quem não tem fé… transbordou a graça de nosso Senhor com a fé e o amor que há em Cristo Jesus… Cristo veio ao mundo para salvar os pecadores. E eu sou o primeiro deles! Por isso encontrei misericórdia, para que em mim, como primeiro, Cristo Jesus demonstrasse toda a grandeza de seu coração”.
Percebem? Não é isso maravilhoso? Não é isso uma grande sorte para nós, hoje? A graça do perdão, da misericórdia continuando a transbordar do coração de Jesus ao nosso pobre coração, sempre que nos deixamos amar e nos dispomos a acolhê-lo na fé…
As três parábolas do Evangelho de Lucas 15: a ovelha perdida, a moeda perdida e o filho perdido, tem como resultado final: alegria e festa. São imagens plásticas para dizer que a maior a alegria de Deus está na conversão das pessoas. Há mais alegria no céu por um só pecador que se converte que pelos 99 justos. Que bom que Deus pensa assim. Assim fica sempre uma esperança de um dia chegar lá. O profeta Ezequiel já dizia: “Deus não quer a morte do pecador, mas que se converta e viva”.
O pastor que encontra a ovelha perdida vai dizer aos amigos: “Alegrai-vos comigo! Encontrei a minha ovelha que estava perdida!” A mulher que perdera sua moeda reúne as amigas e diz: “Alegrai-vos comigo! Encontrei a moeda que tinha perdido”. O pai misericordioso ao filho mais velho: “Era preciso festejar e alegrar-nos, porque esse teu irmão estava morto e tornou a viver, estava perdido, e foi encontrado”.
A conclusão, o resultado final, é sempre o mesmo: “alegrai-vos comigo”. Alegrar-se com Deus e com os irmãos pela ação da Graça de Deus que transforma o coração humano e faz brotar continuamente vida nova. A Sagrada Escritura revela o grande amor de Deus por cada um dos seus filhos e filhas. Essa é sim a nossa sorte, muito mais que ganhar na loteria.
Para refletir: Acredito no amor de Deus? Sinto-me amado por ele? Minha vida cotidiana é motivo de alegria para Deus e para as pessoas? Consigo me alegrar com as vitórias e conquistas das pessoas do meu convívio? É ou não sorte (grande graça) ser assim o nosso Deus?
Textos: bíblicos: 1Tm 1, 12-17; Lc 15, 1-32; Sl 50(51).
Dom Jaime Pedro Kohl – Bispo de Osório