Alegria de viver em comunidade

Os discípulos que testemunharam os acontecimentos relativos a Jesus Cristo, principalmente os fatos pascais, compreenderam que foram abraçados pela misericórdia de Deus. Haviam recebido inúmeros ensinamentos repletos de sabedoria. Compreenderam que a morte de Jesus na cruz e a sua ressurreição é o caminho da vida eterna e a resposta mais profunda aos desejos humanos. Compreenderam também que não poderiam guardar de forma egoísta esta riqueza de graças. Havia necessidade de formar comunidades onde pudessem transmitir e viver tudo isto.

Os seguidores de Jesus de todos os tempos, através da liturgia eucarística, tem a oportunidade de visitar as primeiras comunidades cristãs. Os textos deste domingo aquecem o coração e renovam a fé em Jesus Cristo. A primeira carta da São Pedro (3,15-18) oferece orientações muito sábias para os cristãos viverem numa sociedade plural e, por vezes, hostil à presença dos cristãos. “Estai sempre prontos a dar a razão da vossa esperança a todo aquele que vo-la pedir”, recomenda Pedro. Jesus ocupou a maior parte do tempo ensinando ou pregando. Queria que todos os discípulos o seguissem de forma consciente, isto é, soubessem explicar porque o seguiam e porque aceitavam estes ensinamentos. Toda comunidade cristã necessita de pregação, de ensinamento. Por isso, existe catequese de Iniciação à vida cristã para os sacramentos do Batismo, Crisma, Eucaristia. Existe preparação para o Sacramento do Matrimônio, além de outras formações, cursos e faculdade de teologia. Enfim, cada fiel é convidado a explicar, com as suas capacidades, porque acredita em Jesus Cristo e participa da Igreja.

A pergunta pelas razões da fé pode ser feita de forma agressiva e Pedro diz como deve ser dada a resposta: “Fazei-o, porém, com mansidão e respeito e com boa consciência”. Foi este o modo como Jesus respondia às perguntas que lhe eram feitas. A virtude da mansidão revela paz e liberdade interior, acolhimento, controle das emoções, da irritabilidade. Respeito é a atitude de quem reconhece a dignidade inviolável de quem pergunta. Boa consciência revela que não se pode responder contra a consciência ou dar uma resposta que fere a verdade da fé. Isto é, quem responde não pode negar o que crê e quem é.

Pedro também é muito realista e sabe que nem todas as situações se resolverão a contento, por isso ainda acrescenta: “Pois é melhor sofrer praticando o bem, se esta for a vontade de Deus, do que praticando o mal. Com efeito, também Cristo morreu, uma vez por todas, por causa dos pecados, o justo, pelos injustos, a fim de nos conduzir a Deus”. Responder ao mal e à violência com a mesma moeda é aumentar os males no mundo.

Jesus sabendo da fragilidade de seus seguidores, isto é, de não viverem aquilo que acreditam e ensinam proporcionou mais meios de cuidado da comunidade, conforme o Evangelho dominical (João 14,15-21). Insiste que devem guardar os seus mandamentos pois eles revelam o amor, a guarda e o cuidado de Deus. Jesus também promete “um outro Defensor, para que permaneça sempre convosco”. “Não vos deixarei órfãos. Eu virei a vós”.

Os Atos dos Apóstolos (8,5-8.14-17) testemunha a repercussão de uma comunidade cristã na cidade. “Era grande a alegria naquela cidade”. Os fiéis ouviam o ensinamento de Filipe sobre Jesus Cristo, os marginalizados eram atendidos, reinava um clima de oração pelos habitantes da cidade. Tudo se completa quando Pedro e João impõem as mãos e “eles receberam o Espírito Santo”.

Dom Rodolfo Luís Weber – Arcebispo de Passo Fundo