Alegria e firmeza
O tempo de advento é marcado por um espírito de feliz expectativa, quase de surpresa, de curiosidade. Perguntas que sempre voltam: como foi mesmo a preparação da vinda do Filho de Deus? Como foi sua origem? O que veio fazer? Como foi preparado? Quais os sinais de que ele é mesmo o Messias prometido? E, o que, hoje diz para nós? Como devemos atualizar sua mensagem? O que este advento nos diz?
Nossas perguntas poderiam continuar. No evangelho deste final de semana, Mt 11, 2-11, João Batista manda seus discípulos perguntarem a Jesus: “És tu aquele que deve vir ou devemos esperar outro?”. Precisamos entender o porquê desta pergunta de João Batista. Ele está na prisão e ouve falar do que Jesus vinha fazendo e parece não combinar com a sua profecia. Ele tinha anunciado um Messias como juiz escatológico, armado de pá e que viria trazer o fogo sobre a terra como julgamento. Os discípulos levam a ele notícias de um Jesus benéfico, sempre disposto a perdoar. João entra em crise, pois parece que o jeito de Jesus não combina com o que ele vinha anunciando, o que acarretaria uma falta de credibilidade, beirando a falsa profecia.
Assim se compreende a preocupação de João e a pergunta dos discípulos, em seu nome: “és tu o que devia vir, ou devemos esperar outro?” É bonito ver que a resposta de Jesus coincide com o que ele faz. Jesus está realizando justamente o que os profetas prometeram, como Isaias na primeira leitura: “os cegos vão enxergar, os mudos vão falar, os joelhos debilitados vão ganhar força…”. João compreende e sua autoridade profética é confirmada com o elogio de Jesus: “Entre os nascidos de mulher, nenhum é maior do que ele”.
Como vemos Jesus não responde com palavras e argumentos, mas com os gestos concretos que realiza: “Ide contar a João o que estais vendo e ouvindo: os cegos recuperam a vista, os paralíticos andam, os leprosos são curados, os surdos ouvem, os mortos ressuscitam e os pobres são evangelizados”. Motivos mais que suficientes para João se tranquilizar e reconhecer que o tempo da promessa chegou e que Jesus é o Messias prometido.
A fidelidade e a firmeza de João nos estimulam a seguir por esse mesmo caminho e permanecermos abertos às surpresas daquele que vem. E as obras daquele que chegou estão promovendo a dignidade e a libertação dos enfermos, pobres e excluídos. São essas mesmas obras que identificam os seguidores do Mestre de Nazaré. Cada seguidor de Jesus é um cuidador, um ‘curador de feridas’.
Para nós católicos, lembremos que este final de semana acontece a Coleta da Campanha da Evangelização com o tema “Evangelização: graça e missão que se dá no encontro”. Doar de coração é um jeito simples e concreto de viver o espírito do Natal!
Para refletir: Ficou mais claro para mim as dúvidas de João Batista? O que aprendo dele e da resposta de Jesus? Estou aberto a deixar-me iluminar pelo mistério daquele que vem colocar sua tenda entre nós?
Textos Bíblicos: Is 35,1-6.10; Tg 5,7-10; Mt 11,2-11; Sl 145(146).
Dom Jaime Pedro Kohl – Bispo de Osório