Amar e celebrar a vida com Jesus

Vivemos a preparação espiritual no tempo da Quaresma para celebrarmos com alegria e esperança a Páscoa do Senhor Jesus. Mas, antecede a Páscoa o tríduo pascal, tão rico de significado na vida de Jesus, na vida da Igreja e na vida dos cristãos. Nele, recordamos a última Ceia do Senhor com os seus discípulos, a instituição do sacerdócio do Novo Testamento e da Eucaristia. Na Sexta-Feira Santa, celebramos a paixão de Jesus, na qual se fez presente o amor do Pai, na missão do Filho, mas também a indiferença e a injustiça dos homens e mulheres, quando um homem justo foi pregado na cruz.

Pregar Jesus na cruz foi o caminho escolhido para poder silenciar a voz daquele que falava e tocava o coração das pessoas, anunciava o Reino e lhes mostrava o rosto da misericórdia do Pai, nos gestos de compaixão e perdão, que valorizavam as pessoas por aquilo que eram, filhas e filhos amados de Deus. Com amor e ternura, curou leprosos, aleijados, cegos e ressuscitou mortos. Estendeu a mão para erguer os caídos, abandonados e desanimados que encontrou no caminho. Quanto sofrimento e quanta dor viu nos olhos das pessoas. Com amor e caridade, procurou resgatar a dignidade de todos pela proximidade e fé.

Podemos ser tentados a nos perguntar: Por que Jesus que fez o bem, amou e ajudou tanto as pessoas foi morto? Penso que devemos fazer uma reflexão pessoal sobre o bem que defende a vida e o mal que a fere de morte. Ambos estão dentro de cada um de nós. Podemos dar azas ao bem, promovendo e defendendo a vida e a sua dignidade nas pessoas em todas as suas realidades, sendo sinal do amor e da presença de Deus no mundo. Porém, infelizmente, podemos também fazer o mal e ver quanto sofrimento o mal pode causar às pessoas, na família e na comunidade.

Se olharmos a vida de Jesus, partindo apenas do ponto de vista humano, do sucesso e do fracasso, não teremos muito a comemorar. Mas quando olhamos a sua vida e a sua morte com os olhos da fé, a partir do projeto do amor de Deus, encontraremos razões para dobrar os joelhos em oração, e manifestar gratidão pelo imenso amor com o qual Deus nos amou, a ponto de enviar ao mundo seu Filho Jesus para viver a nossa condição humana, marcada pela bondade, pela caridade e a solidariedade, como também pela dor das injustiças e da morte.

Celebrar a Páscoa é soltar a voz do coração para cantar o aleluia da ressurreição do Senhor Jesus, da vitória da vida sobre a morte, do amor sobre o ódio, da ternura sobre a violência, do eterno sobre o passageiro, da esperança de que o bem pode parecer frágil, mas será sempre vencedor diante do mal, porque o bem é sinal da presença Deus.

Uma Santa e abençoada Páscoa a todos.

+ Dom José Gislon OFMCap – Bispo Diocesano de Erexim.