Amoris Laetitia – A Alegria do Amor – I
Na semana passada, a Igreja católica celebrou, em nível mundial e local, o X Encontro Mundial da Família, com o tema: “O amor em família: vocação e caminho de santidade”. Talvez, de alguma forma, também sua família participou deste evento. Seguindo por este tema da família, vamos publicar algumas mensagens sobre o documento papal Amoris Laetitia – Alegria do Amor (2016).
No documento citado o Papa Francisco convida todos a cuidar com amor das famílias, porque “elas não são um problema, são, sobretudo, uma oportunidade” (n. 7). Elas são mais caminho dinâmico de crescimento e realização que fardo a carregar a vida inteira (cf. n. 37). Depois de comentar os principais textos bíblicos que falam da família, segundo o projeto de Deus, tendo a família de Nazaré como ícone (cf. n. 30 e 65-66), a exortação apresenta as luzes e sombras e os desafios da família atual, considerando-a decisiva para o mundo e a Igreja (cf. n. 31): “Sua força reside essencialmente na capacidade de amar e de ensinar a amar” (n. 53). Não podemos cair nas lamentações autodefensivas, de doutrina fria e sem vida, em vez de suscitar criatividade missionária (cf. n. 57 e 59). Assim o terceiro capítulo apresenta bela síntese da doutrina da Igreja sobre o matrimônio e a família, como dom de Deus (cf. n. 61). O Concílio Vaticano II “definiu o matrimônio como comunidade de vida e amor, colocando o amor no centro da família… Cristo Senhor vem ao encontro dos esposos cristãos com o Sacramento do Matrimônio e permanece com eles”, tornando-se ela uma Igreja doméstica (cf. n. 67 e 73), onde o modo de amar de Deus torna-se a medida do amor humano (cf. n. 70). “Toda rede de relações que hão de tecer entre si, com os seus filhos e com o mundo, estará impregnada e robustecida pela graça do sacramento… Os esposos nunca estarão sós, com as suas próprias forças, enfrentando os desafios que surgem” (n. 74). É neste contexto que a família se torna santuário da vida, lugar onde ela é gerada e cuidada em todas as suas fases (cf. n. 83).
O documento ainda apresenta rica reflexão sobre o amor (cf. 1Cor 13, 4-7): que se expressa na paciência, no serviço, na amabilidade, no desprendimento, no perdão, sem inveja, sem arrogância e orgulho, sem violência; que se alegra com os outros, que tudo desculpa, que confia, espera e tudo suporta (cf. n. 89-119). Em síntese, “As alegrias mais intensas da vida surgem, quando se pode provocar a felicidade dos outros” (n. 129). O amor consiste em transformar dois caminhos em um só; num compromisso público de amor, de forma exclusiva e definitiva, mesmo com riscos (cf. n. 132). É um amor que se manifesta, supera barreiras, cresce em rica intimidade e dura até a morte. A aparência física muda, mas a atração amorosa continua. Para tal o diálogo será decisivo (cf. n. 136, 140, 163-164, 224-226). Há pessoas que não se casam, mas consagram sua vida por amor a Cristo e aos irmãos: “A virgindade e o matrimônio são – e devem ser – modalidades diferentes de amar, porque o homem não pode viver sem amor” (n. 161).
O verdadeiro amor não se esgota no próprio casal. Ele está aberto à vida, qual presente de Deus, único e sem igual, confiado ao pai e à mãe: “Cada criança está no coração de Deus desde sempre e, no momento em que é concebida, realiza-se o sonho eterno do Criador… Pai e mãe mostram aos seus filhos o rosto materno e o rosto paterno do Senhor” (n. 166, 168, 172, 222). A família, em sentido amplo, torne-se escola de cuidados recíprocos, de sociabilidade: pais, filhos, avós, sociedade (cf. n. 187-198). Na semana que vem continuaremos a refletir o documento papal sobre a família.
Dom Aloísio Alberto Dilli – Bispo de Santa Cruz do Sul