Anunciar, missão de todos nós
Muito temos falado na sinodalidade da Igreja e na sua missão de anunciar o Evangelho e tornar Cristo presente através do dom do Espírito (cf. EG 120). Ser missionária é a razão de ser da Igreja e a sinodalidade é, por excelência, o jeito mais nobre de ser. Todos os batizados são continuamente convidados a crescer na resposta ao apelo missionário e em chave sinodal realizar esta missão.
Nunca foi fácil para a Igreja (todos os batizados) desenvolver sua missão, pois sempre surgiram opositores. Em nossa realidade atual não é diferente. É necessária uma profética oposição aos novos e destrutivos colonialismos que se impõem contra o Evangelho de Jesus. Anunciar de forma sinodal, ou seja, todos juntos, pode parecer mais difícil, mas os resultados são melhores. A missão é mais eficiente quando construída com os outros e não simplesmente para os outros. Mais do que nunca, é preciso inspirar-se no Cristo e na sua expressão, quando disse que não veio para ser servido, mas para servir (cf. Mc 10,45).
O Espírito Santo nos inspira o desejo de crescer na fé, a missão é o caminho para atingir esta meta. Sem a dimensão missionária a fé não cresce e nem amadurece.
Mesmo que na maioria das vezes não tenhamos clareza e compreensão do sentido, do alcance e do conteúdo da missão da Igreja não podemos desistir. O caminho se faz no percurso; por isso, a busca de formação e por espaços de diálogo já se considera ensaio missionário.
Não podemos esquecer que uma das riquezas da Igreja é a diversidade, as diferentes perspectivas, espiritualidades e sensibilidades são força motivadora para as diferentes realidades a serem enfrentadas. A Igreja cresce na valorização dos ministérios, serviços, carismas e vocações e na oferta de espaços de acolhida. A sinodalidade, nestes casos, é bênção.
O ambiente digital se apresenta para a Igreja como uma oportunidade para a evangelização. A pessoa humana é um ser que se comunica. As redes sociais surgem para a Igreja como um novo caminho a ser percorrido, no qual é possível anunciar a boa nova e tornar Jesus Cristo conhecido e amado. A construção de redes de relações permite atingir mais pessoas, especialmente os jovens e experimentar novas formas de caminhar juntos.
É sempre bom lembrar que a vida litúrgica em nossas comunidades é lugar de anúncio da Palavra e dos Sacramentos. A vida litúrgica da comunidade é a fonte da missão. Na perspectiva de uma Igreja sinodal vários espaços que já dispomos se apresentam como fecundos: a pregação, a catequese e a pastoral oferecem valoroso conteúdo da missão. Na comunidade, sem exceção, todos devem exercitar o ministério da acolhida.
Para uma grande parte do Povo de Deus, a missão realiza-se no seu espaço de trabalho. Estejamos atentos para que na vida profissional, no compromisso social e político, possamos viver e exercer nossa missão de cristãos, mesmo quando os ambientes são hostis e difíceis.
Dom José Mário Scalon Angonese – Bispo Diocesano de Uruguaiana