Arriscar a vida no seguimento do Bom Pastor
A espiritualidade pascal nos faz contemplar Jesus, o Bom Pastor, neste IV Domingo da Páscoa, o Dia Mundial de Oração pela Vocações. Nosso Papa escreveu uma provocadora carta intitulada “A coragem de arriscar pela promessa de Deus”. A imagem bíblica de Jesus Bom Pastor (cf. Jo 10,1-18) sempre foi muito estimada pelos cristãos, sendo já representada nas catacumbas romanas. Contudo, depois de vinte séculos, permanece viva a convicção de que para ser Igreja de Jesus é preciso escutar a sua voz e seguir os seus passos. Aqui está o essencial. A Igreja é constituída por discípulos, com uma relação muito próxima com Ele, visto que num mundo de tantos ruídos e palavras, “as minhas ovelhas escutam a minha voz” (Jo 10, 27). É preciso treinar nossa escuta para relativizar as mensagens que não vem da Galileia. Ele merece crédito porque “conhece” que temos um nome, uma história e nada do que é nosso lhe é indiferente. Mas o grande diferencial é que o Bom Pastor dá “a vida eterna” (Jo 10,28). O amor tem seu cume em dar a vida, amando até o fim. Assim, o cristão é aquele que segue os passos de Jesus (cf. Jo 10,27) e confia nele.
A providência divina reserva surpresas àquele que permite que tenha um espaço na sua vida. O seguimento de Cristo alarga e ilumina o horizonte da vida, e pede “a coragem de arriscar com ele e por Ele”. Deste modo nascem todas as vocações, sobretudo à vida consagrada e sacerdotal. A proposta de Cristo é sempre generosa e comprometedora, pede um comprometimento apaixonado e, como Cristo, um amor maior capaz de dar a vida. Assim diz o Papa em sua Carta: “O chamado do Senhor não é uma ingerência de Deus na nossa liberdade; não é uma «jaula» ou um peso que nos é colocado às costas. Pelo contrário, é a iniciativa amorosa com que Deus vem ao nosso encontro e nos convida a entrar num grande projeto, do qual nos quer tornar participantes, apresentando-nos o horizonte dum mar mais amplo e duma pesca superabundante”
Contudo, é preciso a coragem para arriscar a vida por um grande ideal. “O Senhor não quer que nos resignemos a viver o dia a dia, pensando que afinal de contas não há nada por que valha a pena comprometer-se apaixonadamente”, continua afirmando Francisco. O Bom Pastor quer que o sigamos “pelo caminho que Ele pensou para nós, para a nossa felicidade e para o bem daqueles que nos rodeiam”. E quem dá a segurança? Como será o futuro? Nossa segurança sempre é a Palavra daquele que chama e envia. Ele nunca abandona os que convida para uma grande missão.
Queremos, como Diocese de Cruz Alta, aproximar-se dos jovens e, com eles, fazer um caminho de discernimento vocacional que os ajude, a partir do encontro com Jesus Cristo, a construir seu projeto de vida, a descobrir a vontade de Deus sobre suas vidas. Neste momento em que sentimos nosso presbitério menor do que a demanda da missão evangelizadora, precisamos intensificar nossos esforços de oração e acompanhamento vocacional. Aproximemo-nos de cada jovem como fez Jesus diante do jovem rico: “Olhou-o com amor” (Mc 10,21). Convido mais uma vez a assumirmos juntos o projeto “Cada comunidade uma nova vocação”. Com nosso Papa dizemos, com convicção: “não há alegria maior do que arriscar a vida pelo Senhor!” (Mensagem para o Dia Mundial de Oração pelas Vocações, 2019).
Hoje, nossos parabéns a todas as mães pelo vosso dia. Alegramo-nos, festejamos e oramos por vocês. A melhor palavra que temos a vos dizer é MUITO OBRIGADO. Deus vos abençoe.
+ Dom Adelar Baruffi – Bispo da Diocese de Cruz Alta