As Festas Juninas em tempo de pandemia
Estas festas populares são de cunho religioso. No domingo passado lembramos Santo Antônio e nesta semana São Luiz e São João Batista. Dia 29 São Pedro e São Paulo. Devoções populares trazidas pelos católicos europeus que aqui migraram. O exemplo de vida, o testemunho de fé, a abnegação na caridade e a fidelidade ao Evangelho são características comuns a todos eles.
Podemos dizer que os santos foram pessoas normais que encarnaram o Evangelho e nos aproximam de Deus. São intercessores seguros porque deram sinais de seu poder diante de situações inusitadas e humanamente insolúveis.
Essa “rica e profunda religiosidade popular, na qual aparece a alma dos povos latino-americanos é uma maneira legítima de viver a fé, um modo de se sentir parte da Igreja e uma forma de ser missionários, onde se recolhem as mais profundas vibrações da América Latina. É parte de uma originalidade histórica cultural dos pobres deste continente, e fruto de uma síntese entre as culturas e a fé” (cf. 264).
“Os apóstolos de Jesus e os santos marcaram a espiritualidade e o estilo de vida de nossas Igrejas. Suas vidas são lugares privilegiados de encontro com Jesus Cristo. Seu testemunho se mantém vigente e seus ensinamentos inspiram o ser e a ação das comunidades cristãs do Continente” (DAp. 273).
Assim que podemos continuar invocando os santos de nossa devoção e contar com sua intercessão. Sintamo-nos igualmente chamados a imitá-los na busca de uma vida sempre mais santa e alegre, porque pautada pela oração e pela vivência do amor cristão.
O Evangelho deste domingo nos apresenta a tempestade acalmada por Jesus num momento em que os discípulos se sentem ameaçados pelo vento impetuoso. Ele os repreende pelo medo e falta de fé, mas os socorre.
Diante da pandemia que assola a humanidade, muita gente reclama que Jesus parece estar dormindo e não escutar nossas súplicas pela superação da mesma. Alguns até entram em crise e se perguntam: por que Deus permite tanto sofrimento e morte se é nosso Pai e nos ama com amor infinito?
Justamente aqui os santos conseguem ler nas entrelinhas da história e perceber, mesmo em algo tão sofrido, um convite de Deus. Chamado a valorizar o essencial, a voltar para Ele, a cuidar da criação, a construir relações mais humanas, uma produção sustentável, uma economia menos pautada pelo lucro e mais pelo bem comum e a justiça social.
Diante de tanto sofrimento e dor, não nós deixemos abater pelo medo, mas animar pela fé e sem perder a alegria e a esperança juninas.
Para refletir: Quais são os meus santos protetores? O que faz que os tenha como intercessores? Em que sentido são exemplos para mim? Que leitura será que eles fariam desse momento de pandemia que nos assola? Como costumo superar as tempestades que ameaçam o barco da minha vida, família, comunidade?
Textos bíblicos: Jó 38, 1.8-11; 2 Cor 5, 14-17; Mc 4, 35-41; Sl 106(107).
Dom Jaime Pedro Kohl – Bispo de Osório