Assunção de Nossa Senhora
Dia dos Religiosos e Religiosas
Minha saudação a todos os irmãos e irmãs que acompanham a Voz da Diocese. Uma saudação especial a todos os religiosos e religiosas pela passagem de seu dia. Minhas orações em favor da vocação à vida religiosa.
Caros irmãos e irmãs. Celebramos, neste domingo, a Assunção de Nossa Senhora ao Céu. A Bíblia não fala nada a respeito do final da vida terrena de Maria. São João mostra que ela, na cruz, foi adotada pela comunidade cristã como mãe (Jo 19,27). Ou melhor, Jesus a apresentou como mãe da comunidade. Lucas diz que ela estava com o grupo que rezava e se preparava para a vinda do Espírito Santo, no Pentecostes (At 1,13; 2,1). Além disto, a Bíblia não conta onde viveu os últimos dias aqui na terra, nem quando ela morreu, nem que idade tinha.
No século IV, em Jerusalém, era feita a festa devocional da “Dormição de Nossa Senhora”. No século VI esta festa foi difundida no oriente, tendo sido fixada para o dia 15 de agosto, pelo imperador Maurício. Pouco a pouco, o tema da Dormição foi sendo substituído por Assunção. A partir do crescimento da devoção mariana, surgiu, no século VIII, na Europa, a festa da Assunção de Maria.
Depois de uma longa caminhada, em 1950, o Papa Pio XII proclamou o dogma da Assunção de Maria ao Céu, com as seguintes palavras: “Definimos ser dogma divinamente revelado: que a Imaculada Mãe de Deus, sempre Virgem Maria, cumprido o curso de sua vida terrena, foi assunta em corpo e alma à glória celestial” (Papa Pio XII, “Munificentissimus Deus”).
O dogma da Assunção nos faz ver que Maria, a “primeira discípula” do Senhor, tornou-se a “primeira ressuscitada” depois de Jesus. A Assunção de Maria deve ser entendida como a sua ressurreição. Sua ressurreição se dá em relação à ressurreição de Jesus. Assim, ela é a “primeira criatura glorificada”, “a realização final e plena de toda a existência” humana. A Assunção de Maria nos diz, portanto, que ela já está glorificada junto de Deus, caminho de todos nós. Maria “viveu totalmente na fidelidade a Deus, Ela foi o que nós não somos e já é o que seremos”.
Prezados irmãos e irmãs. Tendo presente esta Solenidade, o Evangelho deste domingo é o texto de Lc 1,39-56, chamado “a visita de Maria a Isabel”. Ao declarar-se serva do Senhor, ela concebeu Jesus. Por estar gestando Jesus, o Salvador, em seu ventre, Maria compreende-se verdadeiramente serva do Senhor. Diante das necessidades de sua prima Isabel, também grávida, Maria decidiu firmemente ir ao seu encontro, pois entendeu que a hora de ajudá-la seria aquele momento.
O texto de Lucas revela um encontro de duas mães grávidas, gestando vida nova. Mais ainda, o encontro das mães proporcionou o encontro dos filhos em gestação: Jesus e João Batista. Isto significa dizer, o encontro de Deus com a humanidade, a visita de Deus aos pobres. Desta forma, Maria se torna pioneira na evangelização, pois foi a primeira a levar Jesus, o Messias, às pessoas. Por isso, Isabel a proclamou: “Bendita és tu entre as mulheres” (Lc 1,42). A grande bem-aventurança de Maria é ter acreditado que as coisas ditas pelo Senhor iriam cumprir-se: “Bem-aventurada àquela que acreditou, porque será cumprido o que o Senhor lhe prometeu” (Lc 1,45).
Na visita a Isabel, Maria se demonstrou inteiramente aberta e disponível aos necessitados. Maria não guardou Deus somente para si, não se apossou de Deus para seu bem-estar pessoal. Pôs-se a caminho para levar Deus aos outros. Para isso, fez uma longa peregrinação. Esta caminhada, pela região montanhosa, cheia de obstáculos, lembra a missão evangelizadora da Igreja, muitas vezes difícil, sobretudo no contexto da modernidade. O fato de ter saído às pressas faz com que cada um de nós tome consciência de que chega um dia na vida em que temos que começar a fazer alguma coisa em vista do outro, temos que sair do egoísmo e sermos oblativos, pois este é o sentido mais profundo da vida. Por sua vez, “ninguém dá o que não tem!” Somente quem tem Deus em sua vida pode anunciar Deus aos outros. É isto que Maria também nos ensina.
Caros irmãos e irmãs. Peçamos que Maria elevada aos céus, no indique sempre o caminho de seu Filho Jesus, para que, um dia possamos alcançar a graça de estarmos com ela no céu.
A todos os religiosos e religiosas nossa gratidão pelo testemunho de vida no seguimento a Jesus e pela dedicação em favor dos menos favorecidos.
Deus abençoe a todos e bom domingo!
Dom Adimir Antonio Mazali – Bispo Diocesano de Erexim