Assunção de Nossa Senhora ao céu
Como cristãos, enfrentamos diariamente uma batalha interior, lutando contra nossos defeitos e más inclinações. O demônio, sempre astuto, tenta nos afastar de Deus, utilizando essas fraquezas para nos enganar e vencer. Contudo, a Igreja, ao celebrar a festa da Assunção de Nossa Senhora, nos recorda do sinal de vitória que Deus concedeu à humanidade desde o princípio: “Porei inimizade entre ti e a mulher – disse o Senhor à serpente – entre a tua descendência e a descendência dela. Esta te esmagará a cabeça” (Gênesis 3, 15).
A 1a Leitura da festa da Assunção nos revela um grande sinal no céu: “Uma mulher vestida de sol” (Apocalipse 12, 1). Esta mulher, revestida da graça e do poder divino, representa Maria, nossa Mãe celestial. Contra ela, o dragão enganador nada pode. Com Maria ao nosso lado, temos a certeza da vitória, pois ela está revestida da onipotência divina.
É essencial buscarmos sempre a proteção dessa Mulher exaltada, através de uma devoção sincera e amorosa. Olhar para a Virgem Santíssima, elevada ao céu em corpo e alma, reaviva em nós a certeza da vitória final. Devemos rezar mais, e o Rosário se torna uma poderosa ferramenta, como uma corda que nos une a Nossa Senhora e, por meio dela, a Jesus. Com essa união, ascendemos com segurança, tal como alpinistas que escalam montanhas altas.
Nossa Senhora é para nós um modelo de vida, sempre atual, em todas as épocas. Sua Assunção nos lembra do respeito que devemos ter pelo nosso corpo, destinado a participar da glória celestial. Em tempos de decadência moral, como vivemos hoje, precisamos resistir à corrente de imoralidade que invade o mundo. Assim como na Roma antiga, a corrupção e a impureza se espalham, muitas vezes entrando em nossas casas por meio da televisão e da internet. A sociedade tenta nos convencer de que o corpo humano é apenas um objeto de prazer, que a sexualidade não tem regras, e que a felicidade se encontra em viver de forma desenfreada. Entretanto, devemos lembrar que o pecado original existe, e as consequências de ignorá-lo são desastrosas.
Precisamos reagir a essa onda de imoralidade, lembrando que o sexto e o nono mandamentos são tão atuais como sempre foram, e são guias seguros para respeitarmos a nós mesmos e aos outros. A sexualidade deve ser vivida dentro do matrimônio, com o propósito de transmitir a vida, uma realidade sagrada e ligada ao poder divino de dar vida.
Na 2a Leitura (1 Coríntios 15,20-27), São Paulo, em sua carta aos coríntios, que viviam em um mundo tão imoral quanto o nosso, nos adverte sobre o respeito que devemos ter pelo nosso corpo: “Não sabeis que os vossos corpos são membros de Cristo? Tomarei eu, pois, os membros de Cristo e os farei membros de uma prostituta?… O que comete imoralidade peca contra o próprio corpo. Porventura não sabeis que o vosso corpo é templo do Espírito Santo que habita em vós, que vos foi dado por Deus e que não vos pertenceis a vós mesmos? Porque fostes comprados por grande preço! Glorificai, pois, a Deus no vosso corpo“.
A pureza nos leva a manter limpo o nosso coração, para que possamos amar a Deus e contemplá-lo pela fé, tanto aqui na terra quanto na glória do céu. “Bem-aventurados os puros de coração, porque verão a Deus” (Mateus 5, 8). Ela também nos permite amar os outros de maneira verdadeira e desinteressada.
Seguindo o exemplo de Maria, seremos capazes de viver de acordo com a vontade de Deus, respeitando o corpo como um templo do Espírito Santo, e assim nos preparando para a glória eterna.
Dom Antonio Carlos Rossi Keller – Bispo de Frederico Westphalen