Biomas gaúchos: Mata Atlântica e Pampa estão ameaçados
Na manhã desta terça-feira, 18, durante o Encontro dos Organismos, na Casa de Retiro Vila Betânia, em Porto Alegre, o consultor ambiental, Alberto Moesch, apresentou os biomas gaúchos motivado pela Campanha da Fraternidade de 2017, que traz o tema: “Fraternidade: biomas brasileiros e defesa da vida” e lema: “Cultivar e guardar a criação (Gn 2,15).
Há uma unidade de conservação entre a Mata Atlântica e o Pampa de proteção integral como o uso sustentável que ocupam pouco mais de 2% de todo o território gaúcho e a maioria não possui plano de manejo. No Brasil, segundo Moesch, são 20% do território, mas a Organização das Nações Unidas (ONU) recomenda no mínimo 15%.
A Mata Atlântica é um Patrimônio Nacional, é uma reserva da Biosfera – UNESCO, Patrimônio Cultural do Rio Grande do Sul, assegurado por Decreto, mas é o bioma mais devastado do Brasil, é a floresta tropical mais ameaçada do Planeta. Dessas, restam cerca de 8,5% da mata original. Cada hectare produz mais de 1 milhão e 300 mil litros de água por ano. Abastece cerca de 70% de água da população brasileira, com grande poder de regeneração.
“A Lei da Mata Atlântica – 11.428/2006 é a única lei federal que tutela um bioma nacional, que protege também a regeneração da vegetação. Esse é o bioma com maior número de espécies por hectare no Brasil e talvez no mundo”, lembrou Moesch.
As maiores ameaças desses biomas são as hidrelétricas, a urbanização sem critérios, o desmatamento visando comércio sem critérios (extinção da araucária do palmito, xaxim, etc), mineração. Por outro lado, um bom exemplo de preservação é o plantio de erva-mate, espécie típica da Mata Atlântica, que emprega mais de 700 mil pessoas, o equivalente à indústria automobilística, envolvendo cerca de 160 mil propriedades rurais. “Mas está sendo aos poucos sendo trocada pela soja”, salientou.
O Pampa gaúcho representa cerca de 63% da área do Estado e foi reconhecido como bioma apenas em 2004. “Uma das áreas de ecossistemas de campo mais importantes do mundo pelo vasto patrimônio cultural associado à biodiversidade. Vasta biodiversidade ainda pouco conhecida. São cerca de 500 espécies de aves, 3.000 espécies de plantas, o Aquífero Guarani. Segundo o consultor, o Pampa gaúcho é o segundo bioma mais devastado do Brasil, com apenas 36% com cobertura original e pelas comunidades tradicionais, como, a pecuarista familiar, quilombolas, pescadores artesanais, povo Cigano, de Terreiro e de Pomerano.
Conforme apresentação, as principais ameaças sofridas pelo Pampa estão o plantio de arroz sem critérios, barrando o escoamento natural da águas e com muito agrotóxico, a monocultura de soja em grande escala, a mineração, a silvicultura sem o devido zoneamento e o carvão.
“O diagnóstico perpassa pelo zoneamento Econômico Ecológico, estímulos para quem preserva ou produz de forma sustentável, bem como campanhas visando melhorar a nossa cultura e a nossa percepção sobre a importância dos biomas e do meio ambiente”, concluiu Moesch.
Por Judinei Vanzeto, jornalista