Cantarei eternamente as misericórdias do Senhor

Dom Antônio Carlos Rossi Keller – Bispo de Frederico Westphalen 

 

Deus, nosso Pai, chamou-nos à vida para conhecê-lo, amar e servir na terra e com Ele viver eternamente no Céu.

Esta meta, para a qual todos foram criados, será atingida na medida em que neste mundo o conhecermos, já que ninguém ama o que não conhece. E Ele revela-se através da Sua Palavra, divinamente inspirada e, sobretudo através de Seu Divino Filho, o Verbo eterno, encarnado no ventre puríssimo de Nossa Senhora, cuja festa comemorativa do Seu nascimento nos preparou para, com muita alegria, celebrar. Queremos e devemos conhecê-lo cada vez mais, para termos a dita de o podermos cantar eternamente no reino do Céu. Por isso, mais uma vez aqui nos encontramos.

À maneira que a grande Festa do Natal se aproxima, as leituras da Missa, vão-nos revelando cada vez mais o único e verdadeiro Salvador da humanidade.

Perante as dificuldades da vida, quase sempre esperamos alguém, que as venha ajudar a resolver e por isso lhe chamamos “messias”. Quando julgamos que os “messias” deste mundo são capazes de tudo solucionar, estamos profundamente enganados.

A 1ª Leitura, (2ª Samuel 7,1-5. 8-12.14.16) nos apresenta o Rei David, que sentia estar chegando ao fim dos seus dias neste mundo e desde já previa grandes convulsões entre os seus filhos, seus sucessores. O Profeta Natã, vem assegurar-lhe um descendente sobre o qual ficará consolidada a sua realeza para sempre. David estava preocupado com o imediato, Deus revela-lhe, através de Natã, o futuro com a certeza de uma realeza para sempre. Como Deus é bom e generoso! Esse Alguém que irá garantir uma realeza para sempre, descendente de David será Jesus, verdadeiro Rei eterno. O Seu Reinado será diferente dos reinos deste mundo, que são imperfeitos e passageiros. O Reino de Jesus será eterno. Trata-se de um Reinado de Amor! Este projeto de Amor divino vai passar pela livre colaboração de Nossa Senhora.

Perante a tristeza que David sente em ver a Arca da Aliança, símbolo da presença de Deus, debaixo de uma tenda e ele a viver num palácio, pensa mandar construir um Templo digno para guardá-la. Natã fica entusiasmado com a ideia. Nessa mesma noite o Senhor anuncia ao profeta que Ele mesmo vai fazer uma casa da qual nascerá um descendente de David, que governará num trono que será firme e para sempre.

Esse reino eterno é anunciado a Nossa Senhora pelo Arcanjo S. Gabriel, como nos relata o Evangelho de hoje (Lucas 1,26-38). Ela é o Templo por excelência, obra de Deus. No seu ventre virginal vai ser gerado o Rei eterno – nosso Senhor Jesus Cristo. Este Templo é obra prima de Deus: ela é a cheia de Graça, a toda Pura, a Imaculada, que foi verdadeiro Templo de Deus, durante nove meses. Nela o Senhor colocou todo o empenho e carinho. Nossa Senhora é assim verdadeiramente Mãe, mas diferente de todas as outras mães, pois Seu Filho também não é um filho qualquer. É o próprio Filho de Deus, a Segunda Pessoa da Santíssima Trindade. É à luz do mistério da Maternidade de Maria que mais poderemos penetrar no Mistério do Reino de Jesus. Por nosso Amor o Verbo eterno se fez Homem, sendo em tudo semelhante a nós exceto no pecado. Aceitou ser também verdadeiro Homem para ter um corpo para sacrificar por nós. E como “não há maior prova de amor do que dar vida por quem se ama”, Ele quer-nos dar essa máxima prova. E após a Sua morte, fica conosco realmente presente na Santíssima Eucaristia.

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