Características de uma Igreja Sinodal

Muito se tem falado e escrito sobre a sinodalidade na Igreja, que, basicamente, significa caminhar juntos. Vamos elencar algumas características de uma Igreja sinodal:

1) Não pode ser entendida senão no horizonte da comunhão, que é sempre uma missão de proclamar e encarnar o Evangelho em todas as dimensões da existência humana. A comunhão e a missão se nutrem da participação comum na Eucaristia, que faz da Igreja um corpo “ajustado e unido” (Ef 4,16) em Cristo, capaz de caminhar em conjunto rumo ao Reino.

2) A autoridade é exercida como um dom, com o desejo de que seja cada vez mais configurada como “um verdadeiro serviço, significativamente chamado “diaconia” ou ministério na Sagrada Escritura” (LG 24), seguindo o modelo de Jesus, que se abaixou para lavar os pés de seus discípulos (cf. Jo 13,1-11).

3) É uma Igreja que escuta: escuta o Espírito por meio da Palavra, escuta os acontecimentos e a história. A escuta será mútua como indivíduos e entre as comunidades eclesiais, desde o nível local até os níveis continental e universal.

4) Deseja ser humilde e sabe que deve pedir perdão, e que tem muito a aprender. O caminho sinodal é necessariamente penitencial. Em alguns lugares surgiram crises relacionadas com abusos sexuais e abusos de poder e dinheiro, levando a Igreja a um exigente exame de consciência para que, “sob a ação do Espírito Santo, não cesse de se renovar” (LG 9), num caminho de arrependimento e conversão que abre percursos de reconciliação, cura e justiça.

5) É uma Igreja do encontro e do diálogo. Acontece na relação interpessoal, mas também comunitária, ou seja, em relação a outras Igrejas e Comunidades eclesiais. O Espírito nos convida a trilhar caminhos de conhecimento mútuo, de partilha e construção de uma vida comum. É chamada a praticar a cultura do encontro e do diálogo e a não ter medo da variedade que comporta, mas a valorizá-la sem forçar à uniformidade. Portanto, uma Igreja sinodal promove a passagem do “eu” para o “nós”.

6) É aberta, acolhedora e abraça a todos. Não há fronteira que este movimento do Espírito não sinta dever ultrapassar, para atrair todos ao seu dinamismo. A chamada radical é para construirmos uma Igreja em saída, na qual todos se sintam bem-vindos.

7) Tenha capacidade de administrar as tensões sem ser esmagada por elas. A sinodalidade é um caminho privilegiado de conversão e de unidade: cura suas feridas e reconcilia a sua memória, acolhe as diferenças, redime as divisões para que seja sinal e instrumento da íntima união com Deus e todo o gênero humano.

8) Se nutre incessantemente na fonte do mistério que celebra na Liturgia, “a meta para a qual se encaminha a ação da Igreja e a fonte de onde corre toda a sua força” (SC 10), e em particular na Eucaristia.

9) É também uma Igreja do discernimento. Ao ouvir atentamente a experiência vivida por cada um de nós, crescemos em respeito mútuo e começamos a discernir os movimentos do Espírito de Deus na vida dos outros e na nossa própria vida.

Fonte: Falas e escritos do Papa Francisco

Dom José Mário Scalon Angonese – Bispo Diocesano de Uruguaiana