Celebração do Padroeiro

Em junho passado, celebramos nosso padroeiro diocesano São João Batista que, além de dar seu nome para a nossa linda catedral de estilo neogótico, São João Batista é também padroeiro das Paróquias de Arvorezinha, de Boqueirão do Leão, de Nova Bréscia e de Vespasiano Corrêa. Vejamos um pouco de sua história.

A Bíblia afirma que os pais do santo tinham contato, bem próximo e fiel, com as tradições religiosas judaicas: “Isabel e Zacarias eram justos diante de Deus e Caminhavam irrepreensivelmente em todos os mandamentos e preceitos do Senhor”, afirma o evangelho (Lc 1, 6). O casal, mesmo justo e fiel, não tinha filhos, o que os fazia sofrer, junto com a comunidade (cf. Lc 1, 25). Seguidamente aparecem na Sagrada Escritura os prodígios da misericórdia divina na situação dos limites humanos, como na esterilidade. Nestes casos fica clara a intervenção divina, pois “para Deus nada é impossível” (Lc 1, 37). O nome João vem significar exatamente essa realidade: Dom de Deus (Lc 1, 63). Isabel e a Virgem Maria reconheceram essa presença fecunda e misericordiosa de Deus em suas vidas.

Sobre João Batista, afirma o evangelista Lucas: “A mão do Senhor estava com ele…, o menino crescia e se fortalecia em espírito. Ele vivia nos lugares desertos, até o dia de sua apresentação a Israel” (Lc 1, 66 e 80). Sabemos que o deserto, na Bíblia, seguidamente, indica o lugar escolhido por Deus para revelar sua misericórdia aos escolhidos e confiar-lhes determinada missão, junto ao povo: “A Palavra de Deus veio a João, filho de Zacarias, no deserto” (Lc 3, 2). Também Jesus vai ao deserto (cf. Lc 4, 1).

João aparece publicamente ao se apresentar como aquele que batiza, ou ‘o Batista’. Seu batismo era de conversão de vida, em vista da vinda do Senhor. Ele dizia: “Arrependei-vos, pois o Reino dos Céus está próximo” (Mt 3, 2). Ele dirigia a palavra às multidões e, inclusive, a classes distintas que vinham a ele, como fariseus, saduceus, publicanos e soldados. Suas respostas eram de apelo à mudança de vida, em situações bem concretas (cf. Mt 3, 7; Lc 3. 1-14 e At 13, 24). João afirma claramente que ele não é o Messias (cf. Jo 1, 20); é apenas: “a voz de quem clama no deserto” (Lc 3, 4; Jo 1, 23). Ele não se considera a Palavra, mas a voz que anuncia a chegada da Palavra, o Verbo que se fez carne e veio habitar entre nós (cf. Jo, 1, 14). João Batista não se acha digno nem para desatar a correia das sandálias de Jesus, considerando-o muito superior a si: “Ele vos batizará com o Espírito Santo e com fogo” (Lc 3, 16). O anúncio mais profético de João Batista foi o de apresentar o próprio Messias: “Eis o Cordeiro de Deus, aquele que tira o pecado do mundo… Eu vi o Espírito, como pomba, descer do céu e permanecer sobre ele… Eu vi, e dou testemunho: este é o Filho de Deus” (Jo 1, 29, 32 e 34).

João Batista levou seu profetismo até as últimas consequências, denunciando a união ilegítima de Herodes com Herodíades, o que o levou à prisão e ao martírio (cf. Lc 3, 18-20; Mt 14, 1-12). Como Jesus, também nós podemos dizer: “Entre todos os nascidos de mulher, não surgiu ninguém maior do que João Batista” (Mt 11, 11).

Se João Batista não foi digno de desamarrar o calçado de Cristo, nós também somos indignos de desamarrar as sandálias dele, e igualmente os calçados de João, nosso Padroeiro. Mas, para consolo nosso, os santos e santas são nossos modelos, dos quais procuramos aprender; e eles são nossos intercessores, nos ajudam para que também nós cheguemos à santidade, à proximidade de Deus, em nosso tempo, em nossa realidade. João Batista interceda por todos os diocesanos! Como ele preparou os caminhos do Senhor, abracemos também nós essa missão, sobretudo, através da Iniciação à Vida Cristã em nossas famílias, comunidades e toda diocese.

Dom Aloísio Alberto Dilli – Bispo de Santa Cruz do Sul