“Chamou a Si os que Ele mesmo quis” (Marcos 3, 13).
A vinda de Jesus no mundo é marcada por um grande amor e cuidado por todos. Durante seus três anos de vida pública, Ele se dedicou também para dar continuidade e perpetuidade à sua missão redentora ao longo da história humana, através da Igreja.
Logo no início de sua pregação, podemos ver em Jesus um propósito muito específico e preciso: escolher aqueles que serão seus seguidores e anunciadores. Ele os chama: “Chamei-te pelo teu nome: tu és meu” (Isaías 42:1). A vocação é um ato de amor eterno de Deus, através do qual a causa e o propósito de toda a uma vida são revelados a uma pessoa específica: “Se me perguntais como se nota a chamada divina, como nos damos conta dela, dir-vos-ei que é uma visão nova da vida. É como se se acendesse uma luz dentro de nós: é um impulso misterioso que move o homem a dedicar as suas mais nobres energias a uma atividade que, na prática, chega a tomar corpo de ofício. Essa força vital, que tem algo de irresistível, é o que outros chamam vocação. A vocação leva-nos, sem darmos por isso, a tomar uma posição na vida que manteremos com vibração e alegria, cheios de esperança, até ao mesmo momento da morte. É um fenômeno que comunica ao trabalho um sentido de missão, que enobrece e dá valor à nossa existência. Jesus mete-se com um ato de autoridade na alma, na tua e na minha: essa é a chamada” (São Josemaría).
A 1ª Leitura nos diz que o profeta Eliseu (1 Reis 19:16, 19-21) quis despedir-se seus pais primeiro, antes de fazer o que Deus lhe pedia.”. Jesus também chamou a alguns. Um lhe respondeu: “Senhor, deixe-me ir enterrar meu pai primeiro.” Quando o Senhor chama, ele pede um compromisso verdadeiro, um compromisso forte, um compromisso irrestrito e incondicional: “Aqueles que olham para trás não são dignos de entrar no reino dos céus”.
Para compreender melhor o que significa responder rápida, decisiva e vigorosamente ao chamado para a missão que Deus nos pede, é preciso olhar para aqueles que primeiro responderam ao chamado de Jesus: é necessário considerar a sabedoria e a coragem de Santo Estêvão, o primeiro mártir do cristianismo; as palavras e atitudes de São Pedro, o primeiro representante de Cristo na terra; e a de São Paulo, apóstolo dos gentios. Para eles e tantos outros, nada era suficiente para os restringir ou enfraquecer em sua decisão de anunciar Jesus: nenhum poder, nenhum obstáculo, nenhuma violência de um tirano, nenhum ataque demoníaco e nenhum perigo constante, nada era suficiente para desanimá-los. A certeza da vocação, o sentido da missão, a fé heroica em Cristo ressuscitado despertou neles uma coragem infinita: “Eu sei em quem acreditei… Quem pode me separar do amor de Cristo?”, dizia São Paulo (Romanos 8). Guiados pelo Espírito Santo, servindo-se reciprocamente pela caridade, amando o próximo por Deus e mortificando as obras da carne, permaneceram firmes no Senhor, apegando-se à sua missão, deixando seus corações arderem com zelo heroico, como nos diz a 2a Leitura de hoje (Gálatas 5, 1.13-18). Também nós somos chamados a permanecer fiéis à nossa missão, firmes e sem hesitações. Vale a pena! E é preciso pedir ao Senhor o dom da perseverança. Fidelidade significa estar muito perto de Deus: “Viverei ao seu lado, cheio de alegria” (Salmo Responsorial). Fidelidade significa alegria, significa contagiar os outros.
Dom Antonio Carlos Rossi Keller – Bispo de Frederico Westphalen