Com brilho nos olhos

 

Eu sei e é verdade: há muita gente criticando os professores, imaginado que para ensinar é suficiente deter um cabedal de conhecimentos teóricos. Não imaginam que  é necessário conhecer a arte das relações humanas, superar-se a cada dia, discernir com critérios e inspirações o que é essencial num mundo tão plural e tão inconstante.

Eu sei e é verdade: os professores trabalham muitas horas em casa, no caminho para a escola, perdem feriados corrigindo provas e organizando aulas, lendo e buscando qualificação aos fins de semana, pois é o único tempo que têm para aprofundarem saberes e metodologias de ensino. Têm poucas horas para si mesmos e quase nada para seus familiares.

Eu sei e é verdade: a sociedade exige muito dos docentes, dificilmente elogia ou põe em relevo as maravilhas realizadas em sala de aula, o trabalho árduo que realizam para ajudar estudantes a superarem seus limites e considera muito o ínfimo salário que recebem.

Eu sei e é verdade: quando algo sai errado numa escola ou quando um professor comete um delito todos apontam para a escola nivelando educadores e educadoras por baixo, acusando-os disso ou daquilo, sem buscar informações reais sobre o que acontece ou os porquês das situações vivenciadas.

Eu sei e é verdade: quando um professor se aposenta, muitas vezes é esquecido e relegado ao nível das “coisas velhas”, deixadas para trás, pois para muitos não passa de um funcionário que não fez mais do que a obrigação.

Eu sei e é verdade: serão necessárias muitas gerações e muito empenho social e dos governantes até que tenhamos políticas públicas que garantam os direitos de todos à educação e dos educadores à dignidade que lhes convém, sem que se imagine estar fazendo favores a quem tanto faz pela nossa sociedade e pelas futuras gerações.

Eu sei e é verdade: no início deste ano letivo muitas crianças, adolescentes e jovens adentrarão nossas escolas com brilho nos olhos, esperando o feliz reencontro com aqueles que os aquecem nos dias frios da ausência de sentido, da dificuldade em compreender conteúdos e do afeto desses seres maravilhosos tão evoluídos no amor, que dão o melhor de si, apesar de todos os pesares.

Eu sei e é verdade: a vida na cidade só começa mesmo depois que começam as aulas, pois embora o tempo de férias seja necessário e importante, é também triste, tal qual as noites escuras em que os faróis permanecem desligados. Sem essa luz a cidade para, a vida para e o futuro fica comprometido.

Eu sei e é verdade: uma multidão de educadores e educadoras deixarão suas casas nos próximos dias e dirigir-se-ão aos espaços mais nobres que conheço, onde se encontrarão com outros colegas e aprendizes e todos com brilho nos olhos dirão uns aos outros: bem-vindos, é tempo de brilho no olho, é tempo de conviver e aprender.

Meu amigo professor, minha amiga professora: vamos viver 2025 com brilho nos olhos, é tudo o que temos muitas vezes, mas é tudo o que é necessário quase sempre!

Um bom ano letivo a todos (as)!

Prof. Dr. Rogério Ferraz de Andrade