Com um coração de pai
Estamos celebrando como Igreja, comunidade de fé, a “Ano de São José”, lembrando os cento e cinqüenta anos da proclamação de São José como padroeiro universal da Igreja. E no dia 19 de março, Solenidade de São José, deste ano, foi feita a abertura do Ano da Família Amoris Laetitia (a “Alegria do Amor”).
É um ano especial, segundo o nosso amado Papa Francisco, para crescer no amor familiar. Ao mesmo tempo, como Igreja,somos convidados a viver o Ano da Família, com um renovado e criativo impulso pastoral, para colocar a família no centro das atenções da Igreja e da sociedade, mas principalmente no nosso coração.
Diante do Senhor, queremos elevar a nossa prece, de forma particular, em família ou na comunidade de fé, para que cada família possa sentir em sua própria casa a presença viva da Sagrada Família de Nazaré. Que a sua presença, marcada pela ternura, possa preencher nossas pequenas comunidades domésticas com aquele amor sincero e generoso, que é fonte de alegria, mesmo diante das provações e dificuldades que a vida nos apresenta. Um amor que fortalece os laços entre o casal, entre pais e filhos, e testemunha a vivência da fé em família, na comunidade e nas relações fraternas na sociedade.
A Carta Apostólica, Patris Corde, do Papa Francisco, que lembra o 150º Aniversário da Declaração de São José como Padroeiro Universal da Igreja, descreve São José como um Pai amado, pai na ternura e na obediência, porque soube acolher a vontade de Deus na sua vida, com todas as suas inquietações, angústias e provações. Ele nos ensina“que ter fé em Deus inclui também acreditar que Ele pode intervir inclusive através dos nossos medos, das nossas fragilidades, da nossa fraqueza. Que mesmo “no meio das tempestades da vida, não devemos ter medo de deixar que Deus nos conduza”.
Na vida, levamos conosco, nos passos de cada dia e no coração, as marcas dos acontecimentos que nos feriram humanamente, por escolhas que fizemos e nos decepcionaram, embora tenhamos empenhado tempo, dedicação e talvez gastado grande parte das nossas energias. Porém, as marcas dos acontecimentos que nos feriram não podem condicionar a nossa vida, nem podemos deixar que nos roubem a esperança de recomeçar, de viver a vida, dom de Deus, com toda a sua beleza e intensidade.
O tempo da Quaresma nos ajuda a ter presente que a misericórdia de Deus, nosso Pai, é mais forte que as nossas fragilidades. Além de ser um bálsamo que cura as feridas da alma, que incidem na nossa vida cotidiana.
Dom José Gislon, OFMCap. – Bispo Diocesano de Caxias do Sul e Presidente do Regional Sul 3 da CNBB