Como será meu Natal?
Dom Adelar Baruffi – Bispo de Cruz Alta
É tempo de preparar e, sobretudo, prepararmo-nos para o Natal. Se nós não o fizermos, seremos conduzidos e a mídia, com sua visão mais comercial do que religiosa, o fará. Nenhuma grande festa é feita de improviso. Quando nos preparamos, já estamos vivendo, antecipadamente, dispondo-nos para o que acontecerá. Afinal, é um encontro muito especial, uma visita única. Como Zacarias, proclamamos: “Bendito seja o Senhor, Deus de Israel, que a seu povo visitou e libertou” (Lc 1,68). Ele é “o sol nascente que nos veio visitar” (Lc 1,78). Como acolher esta visita?
Preparamos o nosso interior, pois aí é o lugar privilegiado deste encontro. No Prefácio do Advento rezamos: “agora e em todos os tempos, ele vem ao nosso encontro, presente em cada pessoa humana”. Como nos diz Santo Agostinho: “Eis que habitavas dentro de mim e eu te procurava fora!” Para isto, a atitude básica é o recolhimento. Não se trata de retirar-se do mundo ou de fugir dos muitos compromissos e barulhos característicos deste tempo. Isto teria seu valor, mas não é suficiente para acontecer o recolhimento. Trata-se, antes, de silenciar o interior do que o exterior. Reconhecer este santuário onde Deus habita e nos fala. Não precisamos ter medo de mostrar ao visitante divino tudo o que aí habita: sentimentos, pessoas, projetos, misérias e alegrias. Sabemos que, vindo a nós, Ele manifesta seu amor e misericórdia independente do que somos. Este diálogo com Aquele que habita em nós, é a oração, que queremos intensificar. Revelando nossas misérias ao seu amor misericordioso, Ele possibilita nossa reconciliação, a paz. Ela inicia aí e se concretiza no sacramento da penitência, fonte de reconciliação e paz.
Se conseguirmos este recolhimento interior, teremos mais facilidade de mantermo-nos focados em Jesus Cristo. Ele é o centro e a única razão de existir o Natal. O resto são penduricalhos, que na maioria das vezes mais atrapalham do que ajudam. Importante que, à medida que preparamos o interior, também o ambiente em que vivemos possa respirar a espera daquele vem nos visitar. Todos os enfeites devem estar ligados a Jesus Cristo: a luz, a estrela, a árvore e, sobretudo, o presépio. Evitemos símbolos que não dizem respeito ao Natal. Também, participemos nas reflexões em nosso grupo eclesial e na comunidade.
Deus que vem até nós, não se manifesta somente no nosso interior, mas ele se insere no drama da sociedade humana de todos os tempos. Como ele habitou há dois milênios a história humana, também na nossa sociedade, desejosa de paz, de fraternidade, de acolhida, de respeito pela vida humana Ele está presente como “um sinal de contradição” (Lc 2, 34), como profetizou o velho Simeão. Ele procura um lugar para nascer e ficar, como Maria e José procuraram em Belém. Ainda há espaço para Ele? “Se realmente queremos encontrar Cristo, é preciso que toquemos o seu corpo no corpo chagado dos pobres, como resposta à comunhão sacramental recebida na Eucaristia” (Francisco, Mensagem para o I Dia Mundial dos pobres, 2017, n.3). Nós o revelamos presente com nosso testemunho de paz e solidariedade. Assim, poderemos preparar-nos bem para o Natal que se aproxima.
Então, nossa visita será bem acolhida e terá um lugar especial?