Confiemos no Senhor
“Não temas pequenino rebanho, porque aprouve ao vosso Pai dar-vos o reino. […] Porque onde estiver o vosso tesouro, aí estará também o vosso coração.”, nos ensina Jesus no Evangelho deste Domingo (Lucas 12,32-48).
Se quisermos encontrar uma razão para esta disposição de espírito, para não sermos cristãos medrosos e tímidos, é preciso levar em consideração algumas realidades de nossa vida cristã.
Em primeiro lugar, nunca nos esquecer da filiação divina: somos filhos de Deus. A serenidade e alegria são frutos do Espírito Santo e brotam na nossa vida de fé. Lançam as suas raízes na verdade da filiação divina. São Paulo exprime esta disposição interior numa frase que nos pode servir de inspiração: “Sei em Quem depositei a confiança e estou certo de que Ele é verdadeiramente poderoso para guardar o meu depósito (da fé) até àquele dia.” (2 Timóteo 1, 12).
Se os homens podem falhar em seus compromissos de amizade, Deus não é assim. São Paulo explica-o numa frase que vale um tratado: “Já não sou eu que vivo, é Cristo que vive em mim; e a vida que agora vivo na carne, eu a vivo na fé do Filho de Deus que me amou e Se entregou a Si mesmo por mim.” (Gálatas 2, 20).
Depois, é sempre necessário renovar a nossa confiança em Deus. Vivemos dominados pelo medo e pelo pânico do que nos pode acontecer. A imaginação transforma uma hipótese longínqua numa ameaça como se estivesse presente, porque não contamos com Deus, o melhor dos pais e dos amigos.
A fé consiste neste abandono incondicional e confiado nas mãos de Deus, como a criança entregue aos carinhos da mãe. É possível que estejamos marcados pelas más experiências que temos de lidar na vida, especialmente por causa de pessoas que às vezes são desleais e atraiçoam e outras que faltam aos compromissos assumidos. Mas isto não nos autoriza a transferir esta experiência para as nossas relações com Deus. A menor contrariedade serve-nos de pretexto para nos queixarmos de Deus e ficarmos de pé atrás com Ele.
É preciso reagir a esta tentação. E o faremos manifestando esta nossa confiança em Deus, fazendo tudo o que está ao nosso alcance. E confiemos depois com toda a serenidade, na bondade de Nosso Senhor.
No Evangelho deste domingo, o Senhor volta a falar da necessidade de fazer boas obras, proporcionais às graças recebidas: “A quem muito foi dado, muito será exigido; a quem muito foi confiado, mais se lhe pedirá.” Como aproveitamos as graças de termos, por exemplo, acesso à missa dominical e até diária, de poder frequentar os sacramentos e tantas outras ajudas da Igreja, da família e dos amigos?
Não nos orgulhemos apenas porque não temos pecados. Além de que esta convicção pessoal pode ser fruto de uma consciência mal formada ou endurecida, não basta não fazer mal para entrar no Céu. São precisas obras de amor, fazer a vontade de Deus em cada momento do dia.
Com Maria, Mãe de Jesus e nossa Mãe, aprendamos a corresponder com alegre fidelidade aos apelos de Deus.