Construir a comunhão a partir do coração!
Estimados irmãos e irmãs em Cristo Jesus! Na vida da Igreja, a Palavra de Deus está no coração da liturgia, onde é proclamada, meditada e atualizada, para responder aos anseios do povo de Deus, que peregrina para a casa do Pai, a Jerusalém celeste. Ela é também a alma do anúncio da fé e da catequese; é o alimento da vida espiritual de todos aqueles que querem aprofundar a comunhão com o Senhor, através da leitura, da meditação e da reflexão na sua Palavra. Quando a Palavra de Deus é acolhida no nosso coração, ela poderá se tornar o caminho, a verdade e a vida do cristão, no caminho da sua existência e na luz da sua presença.
Quando nos colocamos diante de um Deus que é pai misericordioso, temos dentro de nós a confiança, de que ele nos acolhe, mesmo nas nossas fragilidades. Ele está sempre esperando uma oportunidade para poder entrar na nossa existência, batendo na porta do nosso coração: “Eis que estou a porta a bato. Se alguém escuta o meu chamado e abre a porta, entrarei em sua casa e cearei com ele, e ele comigo” (Ap 3,20). Mas devemos ter presente que a porta para acolher o hóspede divino se abre por dentro, mediante o dom da conversão.
Na vida real nem sempre é fácil manter a justa proporção entre o espaço de Deus e o espaço do homem. Mas Deus não nos propõe algo impossível, seria uma violência à nossa condição humana. A própria convivência na família e entre os irmãos, na comunidade, requer de cada um de nó uma abertura à tolerância e à concórdia, para construir e fortalecer a paz.
Crescemos individualmente e como sociedade, quando temos abertura para aceitar as diferenças culturais, religiosas e de opiniões, também segundo as escolhas ideológicas político-partidárias. A convivência fraterna requer espírito de respeito e civilidade, para respeitar a liberdade de cada um. Liberdade e desinteresse, no entanto, não são a mesma coisa. Quem quer realmente ajudar ao irmão que erra deve ter uma grande dose de amor e humildade, que significa não acreditar ser superior a ninguém, como diz São Paulo: “Nada façais por rivalidade ou vanglória, mas, com humildade, cada um considere os outros como superiores a si e não cuide somente do que é seu, mas também do que é dos outros” (Fl 2,3). Para dar esse passo, é preciso deixar-se iluminar pela luz do Evangelho anunciado, que é o próprio Cristo, e “Vestir-se da nova humanidade” (cf. Ef 4,24), revestida do amor de Deus e despojada das ameaças de morte.
Dom José Gislon, OFMCap. – Bispo Diocesano de Caxias do Sul