Cumprir os Mandamentos do Senhor
O Batismo nos infunde uma nova vida – a vida dos filhos de Deus – e essa realidade exige que vivamos de acordo com ela. Para que nós não cometamos erros no caminho, o Senhor iluminou a nossa vida com os seus Mandamentos. São regras de vida que correspondem às exigências da natureza humana, não caprichos arbitrários e temporários que mudam com o tempo. A lei natural, inscrita em nossa alma, está em conformidade com as exigências de nossa natureza, de modo que, quando a seguimos, nossa personalidade se desenvolve; inversamente, quando a desprezamos, ficamos deformados. Assim, a mentira, o roubo, a insensibilidade às coisas de Deus, o desrespeito à vida humana e à sexualidade deformam aos poucos as pessoas, à medida que sucumbem a esses excessos. Essa é uma realidade que infelizmente vemos acontecer todos os dias no mundo.
O drama das pessoas é que elas não entendem mais estas exigências como autenticamente naturais, mas as rejeitam e as substituem por um impulsos de paixões desordenados: cada um se sente no direito de fazer o que bem entender, desde que lhe seja agradável e justo. Ao olhar as coisas dessa maneira, surge um conflito artificial entre a lei e a liberdade, como se a primeira fosse um obstáculo à segunda. A maior afirmação de liberdade é seguir o que a consciência bem formada diz que é bom, porque é isso o que Deus quer de nós.
Através do Mistério da Encarnação, Jesus Cristo tornou-se o chefe da família humana, o novo Adão e o mediador da Nova Aliança. Desde o primeiro momento neste mundo até o seu último suspiro na cruz, toda a vida de Jesus foi fazer a vontade do Pai. A santidade cristã se realiza na vida, momento a momento, como se Ele, Jesus, estivesse em nosso lugar, na obediência filial ao Pai.
Os líderes religiosos do judaísmo pretendiam ajudar os fiéis da religião hebraica no cumprimento da Lei de Deus criando regras e mais regras. Existiam cerca de 613 regras práticas para o cumprimento dos 10 Mandamentos. É contra esse pano de fundo caótico que devemos entender o problema do jovem que se volta para Jesus, como ouvimos no Evangelho de hoje (Lucas 10:25-37). Ele entendeu que para entrar na vida eterna, a Lei de Deus deveria ser cumprida. Jesus ajudou-o a compreender o como esta Lei deve ser assumida na vida de alguém que crê. “Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todas as tuas forças e de toda a tua alma. E amarás o teu próximo como amas a ti mesmo.” Tudo se resume no amor.
Deus quer que cada um de nós o ame e ame o próximo. Para nos fazer entender a necessidade de expandir os limites de nossos corações às dimensões do mundo, Jesus nos explicou quem é o nosso próximo, e contou a parábola do Bom Samaritano. A lição que aprendemos com a segunda parte do Evangelho de hoje é que também nós inventamos desculpas para não amar de forma comprometida e muitas vezes tentamos fugir das dificuldades e problemas que muitos irmãos passam. Jesus usou os samaritanos como modelo de caridade. Os que ouviam a Jesus acreditavam que os samaritanos eram infiéis à Aliança. Este homem colocou a lei do amor em primeiro lugar e ajudou o pobre homem que teria morrido sem ele. Assim devemos nós também fazer.
Dom Antonio Carlos Rossi Keller – Bispo de Frederico Westphalen