Deixar de seguir a Jesus?

No Evangelho deste Domingo (João 6,60-69) São João nos apresenta a reação de alguns, frente ao chamado discurso do Pão da vida. Neste discurso, Jesus se apresenta como Pão da vida, como alimento de salvação, e isto produz um efeito de rejeição entre alguns ouvintes.

Após esta manifestação de Jesus fica claro para os discípulos o que significa aceitá-lo. Muitos desistem de seguir a Jesus, já que suas palavras exigem uma tomada de posição. Não é possível ser discípulo do Senhor sem esta ruptura, esta quebra na própria vida: deixar uma vida centrada em sí mesmo e passar para uma vida de entrega a Deus, a exemplo de Jesus, superando “a carne”, ou seja, o principio que nos leva a viver fechados no círculo do egoísmo, da preocupação consígo mesmo.

Jesus exige esta ruptura, esta mudança de rumo na própria vida, que significa abrir-se para os horizontes da eternidade. Esta exigência nos faz mudar o foco da própria vida, nos faz quebrar a rotina de uma vida direcionada aos interesses pessoais egoístas e nos abrir para a dimensão da eternidade e do cuidado dos demais irmãos.

A única opção para uma autêntica felicidade nesta vida e depois no céu, é a adesão a Jesus: “Tu tens palavras de vida eterna; nós acreditamos e conhecemos que tu és o Santo de Deus”.

Estas exigências de Jesus são duras e nos recordam que a conversão nunca acontece sem contrariedades, dificuldades e dores. A Palavra de Deus é como uma espada, como nos lembra São Paulo, e fere o mais íntimo do ser humano, tantas vezes afogado no egoísmo, no comodismo, na busca de uma vida de simples tranquilidade humana.

Cristão é quem escolhe a Cristo e o segue de forma incondicional. Aí está o grande segredo daqueles que entendem as Palavras de Jesus e buscam segui-las com fidelidade.

Na 1a Leitura encontramos um texto do Livro de Josué (Josué 24,1-2.15-17.18). O texto proposto nos recorda em primeiro lugar as principais etapas da história da salvação e depois o convite para que o povo escolha qual deus pretende seguir. A resposta do povo é unânime: escolhe a Javé, através da proclamação de um ato explícito de fé: “Portanto, nós também serviremos ao Senhor, porque Ele é o nosso Deus”.

A 2a Leitura é tirada da Carta de São Paulo aos Efésios (Efésios 5,21-32). O texto é um pequeno compêndio da vida em família. No trato familiar, o modelo será sempre Cristo “que é a cabeça da Igreja”.

Todos nós gozamos, diante de Deus, da liberdade. Seguir a Cristo jamais será uma imposição da parte de Deus, mas um ato da liberdade humana, iluminada pela fé.

Receber a Sagrada Eucaristia na Santa Missa dominical nos capacita cada vez mais a responder positivamente a Cristo. A Eucaristia nos fortalece na decisão de seguir o Senhor e jamais abandoná-lo.

Dom Antonio Carlos Rossi Keller – Bispo de Frederico Westphalen