Deus ama o Seu Povo
Desde toda a eternidade, o Senhor nos amou. Ele ama a cada um de seus filhos com um amor único e insubstituível! Este é o contexto da 1ª Leitura deste Domingo (Ezequiel 37,12-14). A Promessa de Deus, frente ao pecado de seu povo, é uma palavra de restauração, de recomeço. Deus não promete castigos e destruição, mas uma nova criação, um novo início. Frente ao nosso pecado, às nossas infidelidades, o olhar de Deus é de misericórdia, de compaixão e de desejos de recriar aquilo que o pecado destrói. Como filhos de Deus, da baixeza de nossas misérias humanas e pecados, elevamos nossos olhos para Deus e encontramos nele um olhar compassivo e cheio de misericórdia, um olhar que nos leva a usar as palavras do Salmo Responsorial (Salmo 129): “A minha alma espera no Senhor mais que o vigia pela aurora”.
Jesus veio a este mundo para nos salvar. Ele veio porque nós precisávamos da salvação. E a salvação da humanidade comportou uma entrega total, absoluta de Jesus na cruz. Além disso, o Senhor nos indica um caminho de felicidade aqui nesta terra. Nos convida ao cumprimento amoroso da Lei de Deus, dos Mandamentos, mas com um novo espírito, não mais o da escravidão do legalismo, mas com o espírito da liberdade de filhos de Deus, ou seja, por amor. Além disso, Jesus, por meio de sua Igreja, nos oferece a Graça da Salvação, através da recepção dos Sacramentos da fé, que trazem aos nossos dias e à realidade de cada um, a salvação que Jesus tem para nos oferecer. Não podemos mais pecar (no sentido de viver a nossa vida sob o domínio do pecado), como nos alerta São Paulo na 2a Leitura (Romanos 8:8-11). Ele nos convida a vivermos a vida “segundo o Espírito, se realmente o Espírito de Deus mora em vós”.
O Evangelho deste Domingo (João 11:1-45) detalha a ressurreição de Lázaro. Suas irmãs Marta e Maria contaram a Jesus o que havia acontecido com Lázaro. Jesus foi para Betânia o mais rápido possível. Quando chegou, seu amigo Lázaro tinha morrido já, há alguns dias. São João nos diz que Jesus chorou pela morte de seu amigo. Também nós choramos quando familiares ou amigos morrem. Isso é humano! Não falamos mais com as pessoas que partiram. Sentimos sua falta quando vemos seus lugares vazios.
Jesus então orou: “Pai, eu te dou graças porque me ouvistes”. Que bela oração! Mesmo nos dias de sofrimento, devemos aprender com Jesus a dar graças ao Senhor, e a nunca duvidar de que Ele nos ouve.
Só Deus pode vencer a morte. Nós já sabemos disso, porque temos fé. Muitas pessoas não sabem ou não acreditam nisso. É por isso que Jesus mostrou que ele é Deus, com poder de ressurreição. Diante do túmulo de Lázaro, ele gritou: “Lázaro, vem para fora”, para que todos pudessem ouvi-lo claramente.
Quem se sentiu mais feliz naquele momento? Lázaro, que ressuscitou para encontrar o Senhor novamente? Marta e Maria que o recebem de volta em casa? Os discípulos, que viram confirmada a sua fé na divindade de Jesus? O próprio Jesus, ansioso pela proximidade de sua morte e ressurreição, de certa forma apressada por este milagre?
Nós, cristãos do século XXI, nos alegramos hoje ao relembrarmos a ressurreição de Lázaro. Esta realidade acontece espiritualmente conosco em cada Confissão dos pecados que realizamos. Estávamos mortos pelo pecado, e recebemos de novo a vida da Graça. E um dia, quando deixarmos este mundo, Jesus nos ressuscitará também. Então seremos felizes para sempre com ele no céu.
Mas antes disso, aqui neste mundo devemos aprender a fazer com amor a Sua vontade. E quando a noite do sofrimento aparecer em nossas vidas, talvez com um céu sem estrelas, não desanimemos, porque com os anjos, os santos e a Virgem Maria viveremos felizes para sempre com o Senhor.
Dom Antonio Carlos Rossi Keller – Bispo de Frederico Westphalen