Deus amou tanto o mundo…
O primeiro domingo depois de Pentecostes a Igreja Católica o dedica à Santíssima Trindade. Neste dia somos chamados a contemplarmos Deus, que se manifestou como Pai, Filho e Espírito Santo. O Deus dos cristãos é assim: três pessoas distintas, mas um só Deus. A comunhão de vida entre eles é tal que formam uma unidade.
Como isso pode se dar é um tanto misterioso, mas não impossível de compreender. Se nos deixamos iluminar pela Sagrada Escritura, descobrimos que Deus age como Pai criador; comunica com sinais e prodígios; fala pela boca dos profetas; escuta o grito do seu povo e desce para libertá-lo da escravidão; caminha com ele e promete um Messias/Salvador que vai restabelecer a unidade e a paz entre todos os povos.
Jesus fala muitas vezes e de muitas formas que veio do Pai, que sua missão é fazer a vontade do Pai, que tudo o que faz e ensina é o que viu o Pai fazer e dele tudo aprendeu. Que ele e o Pai são uma unidade. Que quem o ama guardará sua Palavra e o Pai dele o amará e eles (Trindade Santa) passarão a morar nessa pessoa. Deixa claro aos discípulos que depois de redimir a humanidade, reconciliando-a com o Pai, deve voltar junto d’Ele, caso contrário o Espírito Santo não virá para ajudá-los a entender tudo o que Ele ensinou.
Para nós católicos, acostumados a nos benzer em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, o Mistério Trinitário torna-se tão familiar que corremos o risco de cair na formalidade e perdermos o seu sentido profundo. A Trindade permanece sempre a fonte e o fundamento da nossa paz.
A Santíssima Trindade se manifesta a nós como um Deus que é amor: “Deus amou tanto o mundo, que deu seu Filho unigênito, para que não morra todo o que nele crer, mas tenha a vida eterna” (Jo 3,16). Isso é o que Deus quer para nós, o que de mais importante possamos esperar: a vida eterna, a salvação eterna! É bonito perceber que o nosso Deus não é um ser solitário e distante da humanidade, mas que partilha seu amor, sua vida com todos nós.
São João, o discípulo amado, revela que jamais alguém viu a Deus, mas se nos amarmos uns aos outros, Deus aí está. O amor entre irmãos e irmãs torna Deus visível. Sim, Deus é amor e quem ama permanece em Deus e Deus permanece nele.
Que a contemplação deste amável Mistério nos abra o coração para compreendermos sempre melhor a riqueza do amor de Deus revelado em Jesus e possamos seguir seus passos.
Para refletir: O Deus no qual acredito é o Deus amor manifestado por Jesus? Paro alguma vez para pensar e contemplar o mistério Trinitário? Dou-me conta da sua presença? Consigo imaginar a profundidade do amor que Deus tem para comigo e todos os seres? Ao traçar o sinal da cruz sobre mim que sentido tem?
Textos bíblicos: Ex 34,4-9; 2Cor 13,11-13; Jo 3,16-18.
Dom Jaime Pedro Kohl – Bispo de Osório