Deus é nossa paz e salvação
A 1a Leitura da Santa Missa deste Domingo (Isaías 35,4-7) nos apresenta Isaías, um dos profetas maiores, que acompanha a primeira leva de judeus exilados para a Babilônia. Em meio a essa situação humilhante e desesperadora, a tentação do desespero se torna uma ameaça constante. Nesse contexto, o Senhor envia o seu profeta — assim como Ele envia a cada um de nós atualmente, pois pelo Batismo nos tornamos profetas do Senhor — para erguer os que estão prostrados.
Deus nunca nos abandona. Ele nos diz: “Dizei aos corações perturbados: ‘’tende coragem, não temais‘”.
Estamos acostumados a ver os homens falharem em suas promessas, e frequentemente projetamos essa amarga experiência em Deus. Dessa forma, ao menor contratempo, nossa fé e esperança começam a vacilar. Como consequência, o medo e a desconfiança em Deus podem ser inseridos em nossas vidas.
É verdade que, muitas vezes, Deus não realiza nossos desejos nem nos acompanha em nossos sonhos. Tantas vezes pretendemos de Deus coisas e situações insensatas. Ele tem algo infinitamente mais valioso para nos oferecer.
No mundo, há uma organização do mal, com um líder, o demônio, inimigo de Deus, que luta contra Deus e tenta destruir o amor e o bem no coração dos homens por meio da violência, da imoralidade e do medo. Isso se manifesta por leis iníquas, grupos que defendem e impõem o erro e o mal, e pela colaboração daqueles que se entregam à degradação. Nas situações de pecado e de rebeldia contra Deus, o silêncio de muitos cristãos se tornam parceiros do mal.
É importante lembrar que mesmo nas situações desafiadoras do mundo, quando tudo parece perdido, a última palavra pertence sempre a Deus. Nele depositamos nossa esperança. “Aí está o vosso Deus; Ele vem para fazer justiça e dar a recompensa; Ele próprio vem salvar-nos.” Sem que os israelitas percebessem, o Senhor preparava o retorno deles à Terra Prometida, no momento oportuno, estabelecido por sua vontade e por sua sabedoria.
A condição que Deus lhes apresenta é a de eles retornarem já convertidos de seus antigos erros, não para a grandeza de um reino temporal que excluísse todos os outros povos — esse era o sonho deles — mas para um reino que Deus viria fundar, com as fronteiras de todo o mundo e para os povos de todas as nações e tempos. Seria um reino espiritual de salvação, iniciando na terra a comunhão que nos espera no Céu.
Muitas vezes sofremos porque insistimos em querer e exigir que Deus aprove nossos planos falhos e colabore incondicionalmente com eles. Quando as coisas não acontecem como desejamos, a primeira pergunta que devemos fazer é: qual a mensagem que o Senhor me transmite através dos acontecimentos? Em que preciso mudar minha mentalidade e minha conduta?
Jesus é o rosto da bondade do Pai, nunca nos esqueçamos desta verdade.
Durante a sua vida pública, Jesus realizou inúmeros milagres, um deles relatado no Evangelho de hoje (Marcos 7,31-37), manifestando o poder, a bondade e a solicitude de Deus por nós.
Jesus Cristo se apresenta ao mundo como o rosto visível do Pai que tem amor e misericórdia por nós, pecadores e afetados por tantas enfermidades, seja do corpo como também da alma.
Na última Ceia, Ele responde a um dos Doze: “Filipe: Há tanto tempo que estás comigo e não me conheces? Quem me vê, vê o Pai.” Nosso Deus e Pai manifesta seu amor por nós na pessoa e nas ações de Jesus.
Ele deseja estar presente e atuante na Igreja até o fim dos tempos. Na Igreja, a salvação que Jesus veio nos trazer se torna acessível a todos.
A consciência de nossa pobreza e fragilidade, recordada na 2a Leitura (Tiago 2,1-5), deve nos fazer pessoas humildes e confiantes no Senhor, assim como irmãos de coração aberto, voltados especialmente àqueles que, de alguma maneira, sofrem, neste mundo.
Dom Antonio Carlos Rossi Keller – Bispo de Frederico Westphalen