Distantes mas próximos

Dom José Gislon – Bispo Diocesano de Erexim

Depois de um merecido tempo de férias, começamos a ver no horizonte o crepúsculo do verão, que pode ter deixado no coração lembranças e saudades das pessoas que encontramos e dos lugares que conhecemos. Mas também podemos admirar os campos cultivados, onde o verde da plantação vai dando lugar ao dourado que indicada o final de um ciclo, no qual a semente lançada na terra morreu para gerar uma planta que nos dá novas sementes. No ciclo das estações, podemos ver a resposta de vida da natureza, que, às vezes, é castigada pelas intempéries do tempo, mas não perde sua capacidade de regenerar-se ou adaptar-se às novas condições.

Com o passar dos dias, a vida pessoal, familiar e comunitária vai retomando seu ritmo. Os adultos retornam ao trabalho, as crianças e adolescentes, cheios de energia, às aulas. Mas, para muitos jovens, é um tempo desafiador; começa uma nova etapa da vida, na qual as responsabilidades exigem um maior empenho pessoal, conciliando estudo e trabalho, ou, quem sabe, a adaptação em uma nova realidade, longe do “ninho” familiar. O desafio de cuidar da vida é um ato de amor, porque a vida é frágil e muitas vezes nos pede para sermos fortes. Exige-nos fazermos escolhas e tomarmos decisões que envolvem não só o presente, mas também o nosso futuro. É o momento em que sonhos e incertezas batem à porta do coração. É o momento em que o jovem não pode ser deixado à própria sorte, mas precisa do apoio dos pais, do núcleo familiar e também da comunidade. Quando o jovem, não tem um ponto de apoio na família, pode ir buscá-lo em outras realidades presentes na sociedade, que nem sempre estão comprometidas com a vida e sua dignidade. Apoiar um jovem no discernimento vocacional ou profissional é apoiar uma vida, seu presente e seu futuro.

Para os pais, a partida dos filhos do lar é quase sempre um momento que envolve alegria e apreensão. Alegria pelos passos, escolhas e conquistas que eles estão fazendo na construção do seu futuro. Apreensão no que diz respeito ao cuidado da vida, nas tempestades do mundo. Por isso, na família, não poderia faltar o diálogo, o amor e a ternura que nos fazem estar próximos do coração de quem amamos, mesmo estando fisicamente a centenas de quilômetros de distância.

 

 

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