Dom Gislon apresenta tópicos na Assembleia da Ação Evangelizadora do Regional Sul 3

Dom José Gislon, bispo da diocese de Erexim e vice-presidente do Regional Sul 3 da Conferência Nacional do Bispos do Brasil (CNBB), apresentou na primeira parte da Assembleia da Ação Evangelizadora do Regional Sul 3, na manhã desta quinta-feira (08), no Centro de Espiritualidade Cristo Rei (Cecrei), em São Leopoldo (RS).

Segundo observações de dom Gislon, a partir dos cinco anos de participação, na Assembleia Geral da CNBB (AG),IMG_1102 afirmou: “Vejo a Assembleia Geral como um momento de profunda comunhão entre o episcopado brasileiro, mas também de reflexão, sobre as realidades que tocam e ferem, muitas vezes, a vida e a dignidade do nosso povo, e por que não dizer da Igreja na sua missão de anunciar o Reino de Deus e a sua justiça. Neste contexto, temos presente como episcopado também a Vida Religiosa, e somos profundamente gratos, porque, com a riqueza dos carismas das Ordens, Congregações, Institutos Seculares e Novas Comunidades, etc. ajudam a Igreja a revelar o rosto do amor caridade do Pai e a ternura de Maria a nossa Mãe, junto ao nosso povo em tantas realidades, através das obras e do apostolado das consagradas e consagrados. Mas a AG, não se limita a olhar só a realidade da Igreja no Brasil, com os desafios de estar presente na Amazônia, nas grandes cidades e suas periferias. Ela tem uma preocupação também com a realidade missionária, Ad Gentes, onde atuam muitos dos nossos missionários e missionárias, Haiti, Guiné Equatorial, Moçambique, etc. Com os cristãos que sofrem perseguições e violências em tantas realidades (Coptos do Egito). Manifesta também sua comunhão e solidariedade ao sucessor de Pedro, o Papa Francisco”, reiterou.

Pensando o Brasil: EDUCAÇÃO (Vol. 4)

O assunto abordado toca bastante de perto uma realidade em que a Vida Religiosa está bastante envolvida: o mundo da educação, que vai da pré-escola a universidade. “A educação é a tarefa do cuidado com a nossa própria existência, e a “escola é um dos ambientes educativos no qual crescemos para aprender a viver, para nos tornarmos homens e mulheres adultos e maduros, capazes de caminhar, de percorrer a linha da vida… (P. Francisco em Respostas às perguntas dos representantes das escolas dos Jesuítas na Itália e na Albânia, 07-06-13). Trás o cenário da educação no Brasil, aponta cominhos para superação dos principais desafios e pistas para a ação.

Aparecida dez anos depois Um entre muitos olhares  

Dom Joel Portella Amado, bispo auxiliar do Rio de Janeiro (RJ), afirma: “A meu ver, Aparecida representa continuidade e alargamento da perspectiva que tem sua origem no Vaticano II. É continuidade em pelo menos quatro aspectos: enquanto manifesta uma Igreja profundamente sensível aos sofrimentos dos povos do Continente, enquanto lê esse sofrimento à luz do sofrimento de Cristo, enquanto se manifesta solidária com os sofredores e, por fim, enquanto clama e se propõe colaborar com a transformação da realidade. Aparecida é também alargamento na medida em que manifesta clara sensibilidade ao que, desde S. João Paulo II, já vinha sendo indicado através, por exemplo, do termo nova evangelização e que, em Bento XVI, alguns anos depois de Aparecida, se concretizou no Ano da Fé, com a criação do respectivo Dicastério e, mais ainda, com o claríssimo diagnóstico apresentado na Porta Fidei nº 2. Sucede não poucas vezes que os cristãos sintam maior preocupação com as consequências sociais, culturais e políticas da fé do que com a própria fé, considerando esta como um pressuposto óbvio da sua vida diária. Ora, um tal pressuposto não só deixou de existir, mas frequentemente acaba até negado. Enquanto, no passado, era possível reconhecer um tecido cultural unitário, amplamente compartilhado no seu apelo aos conteúdos da fé e aos valores por ela inspirados, hoje parece que já não é assim em grandes setores da sociedade… (Grifo nosso). Aparecida, portanto, se insere no reconhecimento de que a síntese entre cristianismo e cultura ocidental se rompeu, mesmo entre os povos mais tradicionais e que é preciso “recomeçar a partir de Jesus Cristo, sem dar coisa alguma por descontada” (DAp 12, 41 e 549). Esse é o DNA de Aparecida. É continuidade enquanto manifesta uma Igreja que não está preocupada consigo mesma e que se compreende servidora da humanidade à luz do Reino de Deus. É avanço na medida em que reconhece que o fundamento maior para este serviço, isto é, Jesus Cristo, já não tem, para uma parcela de nossa gente, significado organizador para a vida. Esta realidade é tão grave para Aparecida que se chega a clamar pela coragem de “abandonar as estruturas ultrapassadas que já não favoreçam mais a transmissão da fé”, numa atitude que se convencionou chamar de conversão pastoral. (DAp 365).

O período de dez anos 

Em segundo lugar, deve-se considerar o período de dez anos ainda pequeno para que se possa dizer se houve ou não efetiva captação do que aquela V Conferência significou. As mudanças propostas por Aparecida trazem consigo propostas radicais de mudança no agir evangelizador. Como dito antes, já não se trata de atuar somente no que chamamos de consequências do Evangelho, pressupondo que Jesus Cristo, pessoa e mensagem, sejam conhecidos e, mais ainda acolhidos. Não abandonando as consequências morais, sociais e existenciais do Evangelho, Aparecida assume a explicitação da causa maior, o fundamento último sobre o qual se constroem as opções existenciais. A novidade, se assim se pode dizer, está na importância de se trabalhar nos dois âmbitos, o do anúncio explícito da pessoa e da mensagem de Jesus Cristo, e nas consequências pessoais, sociais, econômicas, culturais, políticas etc. Esse duplo espaço de ação nem sempre é fácil de ser concretizado.

Aparecida na Igreja do Brasil

A Igreja no Brasil recolheu Aparecida de diversas formas. O evento em si, ocorrido neste Santuário, em muito contribuiu para que se chamasse a atenção para o que se discutia e para as conclusões. A chegada do Documento recebeu das comunidades interesse por conhecer e aplicar. Em nível oficial, Aparecida marcou gradativamente as Diretrizes de nossa Conferência.  Desde então, já foram elaboradas três Diretrizes. As primeiras (2008-2010) manifestaram a prudência de se perceber ser necessário algum tempo a mais para que se pudesse ruminar o que Aparecida indicava. Por isso, o período foi mais breve e o gênero literário se caracterizou por recolher a rica experiência brasileira das Diretrizes de até então e identificar, nesta experiência, onde se encontrava Aparecida. Partiu-se das Diretrizes para captar Aparecida.  As Diretrizes seguintes (2010-2015), se por um lado, com a categoria de urgências, trouxeram nova terminologia para expressar o caminhar evangelizador brasileiro, por outro, não deixaram de manter a linha de continuidade com o que vinha sendo realizado. Estas Diretrizes, após três anos de ruminação de Aparecida, intentaram identificar, em torno ao núcleo maior, isto é, o recomeçar a partir de Jesus Cristo, as implicações evangelizadoras mais importantes (cf DAp 552). Partia-se de Aparecida para chegar às Diretrizes.

Associações de fiéis, movimentos eclesiais e novas comunidades

Sobre as novas formas de associativismo na Igreja. Lembrando que a Igreja é o lugar onde floresce o Espírito, suscitando um dinamismo novo e imprevisto. Ele, quando intervém, suscita eventos cuja novidade causa admiração.  “A Igreja cresce sempre no tempo graças à ação vivificante do Espírito”. Ele age constantemente para que as pessoas, chamadas por Cristo, percebam sua presença e reconheçam que as próprias instituições eclesiais são veículos privilegiados de carismas que edificam a Igreja de Cristo.

Os carismas pertencem à livre e imprevisível ação do Espírito. Eles emergem na história sempre e de novo. Assim, cabe, sobretudo, ao ministério hierárquico a delicada tarefa de analisar, discernir e promover esses dons do Espírito, segundo a identidade original, pela qual foram doados no seio do povo de Deus. Eles gozam de importância e valor e sua autenticidade é garantida pela disponibilidade em submeter-se ao discernimento da autoridade eclesiástica.  O Concílio Vaticano II, na Constituição Dogmática Lumen Gentium, afirma que “os carismas extraordinários, ou também os mais simples e mais comuns, dado que são, sobretudo, apropriados e úteis para as necessidades da Igreja, devem ser acolhidos com gratidão e consolação”.5 Por isso mesmo, os carismas devem ser acolhidos “tanto da parte de quem os recebe, como da parte de todos na Igreja”.6Afinal, eles constituem uma especial riqueza de graça para a vitalidade apostólica e para a santidade de todo o Corpo de Cristo, desde que sejam dons verdadeiramente provenientes do Espírito e se exerçam em plena conformidade com os autênticos impulsos do Espírito”.

É importante recordar que um carisma é sempre uma graça especial (gratia gratis data), distinta da graça santificante (gratia gratum faciens), que o Espírito Santo concede não só para a santificação de uma comunidade de fiéis, mas também para o bem comum de toda a Igreja.  Uma graça especial é aquela mediante a qual o ser humano auxilia os demais a retornar a Deus. Desse modo, “um carisma dado pessoalmente a um fiel, se torna princípio educativo e agregativo de outros fiéis cristãos”.

A Igreja reconhece que as novas formas de agregações eclesiais constituem uma grande fonte de renovação eclesial, que favorece a urgente conversão pastoral e missionária de toda a vida eclesial. Por sua própria natureza, elas expressam a dimensão carismática da Igreja e representam uma oportunidade privilegiada para que muitas pessoas afastadas da vivência da fé cristã possam ter um encontro vital com Jesus Cristo, e assim, recuperar sua identidade batismal e sua ativa participação na vida da Igreja. Elas demonstram ser uma autêntica experiência de Igreja, quando se empenham em fomentar não só a dimensão carismática, mas também aquela institucional garantida pelos Bispos em comunhão com o Sucessor de Pedro. Elas são também expressão do direito natural e batismal de livre associação dos fiéis.

São João Paulo II, dizia que “no nosso mundo, com frequência dominado por uma cultura secularizada que fomenta e difunde modelos de vida sem Deus, a fé de muitos é posta à dura prova e, não raro, é sufocada e extinta. Percebe-se, então, com urgência a necessidade de um anúncio forte e de uma sólida e aprofundada formação cristã. Como é grande, hoje, a necessidade de personalidades cristãs amadurecidas, conscientes da própria identidade batismal, da própria vocação e missão na Igreja e no mundo! E eis, então, os Movimentos e as novas comunidades eclesiais: eles são a resposta, suscitada pelo Espírito Santo, a este dramático desafio do final de milénio. Vós sois esta resposta providencial”.

Ministros da Palavra

Tem por finalidade a formação de Ministros da Palavra em vista do serviço ao povo de Deus nas comunidades. A valorização da Celebração da Palavra de Deus no dia do Senhor. Projeto que foi apresentado pela Comissão nomeada pela CNBB, mas enviado para ser aprovado na AG de 2018.

Projeto da Diocese de Santarém

Formar Ministros Pastores para as comunidades. Pessoas que possam exercer funções ministeriais nas comunidades, que vão além das que hoje fazem os ministros e ministras extraordinários da comunhão eucarística. A realidade amazônica nos questiona e nos move “como Igreja”, para que tenhamos a ousadia de buscarmos novas alternativas pastorais para atendermos o povo de Deus que vive naquela realidade geográfica e eclesial. Com o atual modelo não conseguimos mais atender as comunidades de forma satisfatória. A presença esporádica do padre, já não mantém mais a comunidade de fé. A influência dos Meios de Comunicação Social. A figura do pastor, torna-se referencial para a comunidade.

Iniciação à Vida Cristã 

Os samaritanos “creram em Jesus por causa da palavra da mulher que testemunhava” (Jo 4,39). A fé em Cristo nasce de um encontro, mas é preciso a intermediação de uma pessoa que o testemunhe. Esse processo requer que o itinerário iniciático que respeite as diferentes situações da vida humana.

Família, adultos, adolescentes, jovens, crianças, pessoas com deficiência. O papel da comunidade, do bispo, dos presbíteros e diáconos, dos catequistas. E muito importante também a participação da Vida consagrada. Em muitas comunidades paroquiais, o processo catequético está sob a coordenação de consagradas (os) que, com sua experiência formativa, educativa e pastoral, dedicam tempo e forças à evangelização. Uma de suas tarefas prioritárias é a preparação de lideranças leigas capazes de coordenarem a Iniciação à Vida Cristã da comunidade.

Experiências pastorais missionárias

Da Conferência dos Religiosos do Brasil no Haiti depois terremoto e após a passagem do furacão. Definiria aquele trabalho ou presença missionária fortemente marcada por: Amor, caridade, doação de si, renuncia para estar entre os últimos em nome do Evangelho. Encontrar o Cristo abandonado entre os deserdados do mundo.

Presença missionária do Sul 2 – na Guiné Bissau. Mobilização da Igreja do Regional Sul 2. Forte participação dos leigos na missão. Desafios para implantar uma missão numa realidade sócio-econômica e religiosa muito diversa da nossa.

Diocese de Abaetetuba – partilhou a experiência dos efeitos do trabalho pastoral envolvendo a Iniciação à Vida Cristã nas comunidades. Realidade de comunidades ribeirinhas isoladas.

Projeto de solidariedade para a formação de sacerdotes nas Dioceses mais carentes

Foi aprovado na AG de 2012, por um período de cinco anos, contando com a partilha de 1% das entradas ordinárias de cada Diocese. Este valor é enviado diretamente a um Fundo mantido na CNBB e distribuído por um comitê as Dioceses necessitadas conforme o número de seminaristas. A 55ª AG aprovou o projeto por mais cinco anos.

 

 Por Judinei Vanzeto – Assessor de Imprensa – Regional Sul 3 da CNBB

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