Encerramento Jubileu da Misericórdia na Diocese de Erexim
Conforme prevê o calendário do Jubileu Extraordinário da Misericórdia, neste domingo, 13, os bispos de todo mundo realizaram celebrações conclusivas deste tempo extraordinário para a vida da Igreja, fechando a porta santa das catedrais e de outras igrejas ou santuários em que tivessem sido abertas. Dom José, presidiu a missa das 09h na Catedral São José, acompanhado pelo pároco e vigário paroquial, encerrando o Jubileu da Misericórdia na região. Na homilia, recordou o lema deste tempo, “Sede misericordiosos como o Pai”. Destacou que a revelação da misericórdia divina tem seu ponto alto em Jesus Cristo. À luz de sua palavra, devemos saber fazer as melhores escolhas, em vista do encontro definitivo com Ele. Na espera deste encontro, ninguém pode desleixar as responsabilidades com o tempo presente. Exortou a todos a não deixar apagar a chama da fé. Concluiu lembrando a oportunidade de se passar pela “Porta Santa” durante o Jubileu. Se neste domingo se encerra este período especial, a misericórdia divina permanecerá aberta e todos deverão comprovar que assumiram o compromisso de ser misericordiosos como o Pai.
Íntegra da homilia de Dom José:
Saúdo os sacerdotes, o diácono, as religiosas, os irmãos e irmãs presentes nesta Igreja Catedral e todos aqueles que nos acompanham através da rádio Difusão. Com afeto e ternura, recordo os enfermos, que estão junto às famílias e nos hospitais, seus familiares, os profissionais que se dedicam ao cuidado deles, assim como dos idosos e necessitados de cuidados especiais, que estão nas famílias e nas casas de repouso, os encarcerados e seus familiares.
Neste dia do Senhor, nas Dioceses de todo o mundo, a Igreja celebra o encerramento do Ano Santo do Jubileu Extraordinário da Misericórdia, que teve como lema: “Misericordiosos como o Pai”. Através dele, tivemos a oportunidade de contemplar com mais intensidade o “Rosto da Misericórdia do Pai”, que nos foi revelado em seu filho Jesus Cristo.
A misericórdia do Pai é manifestada na história em Jesus Cristo, mas a sua vinda não representou o fim da história. O caminho do ser humano continua no hoje, e nós também somos chamados a fazermos escolhas entre aquilo que é supérfluo ou trabalharmos com perseverança e tranqüilidade para o dia do encontro definitivo com o Senhor.
As palavras do profeta Malaquias, na primeira leitura, são precedidas de frases que exprimem a desilusão do justo com a contínua maldade em Israel (Ml 3,15-16). Mas, ao ver o sofrimento e a injustiça que fazem tremer o coração de cada pessoa, Malaquias anuncia a esperança. Especialmente daqueles que acreditam em Deus. Como resposta à realidade que assola a vida do povo, o profeta Malaquias anuncia a vinda do “dia do juízo”, quando Deus restabelecerá a justiça e desmascarará os ímpios. Naquele “dia”, Deus levará a cumprimento a história, nela está o seu sentido e o sentido dos acontecimentos da existência humana, que no momento é marcada pela imperfeição. Para aqueles que temem o Senhor e que agem segundo a sua justiça, aquele dia será marcado pelo nascer do sol e pelos benefícios da luz divina. Como proclamaremos no prefácio logo mais, esperamos ver aquele dia sem fim, quando a humanidade inteira repousará em Deus, contemplando sua face e louvando para sempre sua misericórdia.
Todos nós esperamos, na fé, o retorno do Senhor, mas devemos fazê-lo sem deixarmos de lado as nossas responsabilidades de construirmos, com a nossa vida cotidiana e o nosso trabalho, um mundo melhor. São Paulo, na carta aos Tessalonicenses, menciona a falta de testemunho daqueles que vivem à “toa, muito ocupados em não fazer nada”, levando uma vida alienada e desordenada. Para São Paulo, a subsistência da pessoa está ligada à sua dignidade expressa no trabalho.
Como Cristãos, participamos da realidade que toca a vida do povo das nossas comunidades, e não devemos fechar os olhos diante da realidade do desemprego, que afeta milhares de pessoas e famílias de todas as classes, no nosso contexto social. Acredito que o Ano Santo do Jubileu Extraordinário da Misericórdia fez reavivar em nosso coração o nosso compromisso de fé com as obras de misericórdia, corporais e espirituais. Na partilha, recordamos o gesto da Eucaristia que gera comunhão entre aquele que tem fome e o que possui o pão.
Queridos irmãos e irmãs, a Palavra de Deus quer formar o nosso espírito e a nossa esperança de uma vida e de um mundo novos, marcados pela redenção e salvação em Jesus Cristo. Sabemos que Ele voltará na plenitude dos tempos, mas volta desde agora, cotidianamente, nos corações que desejam a sua presença. A volta do Senhor nos dá um impulso de esperança e nos encoraja a vivermos e a trabalharmos seguindo os critérios de bondade, de verdade, de caridade e misericórdia. A fé não nos exime de vivermos a realidade e os empenhos do nosso cotidiano, mas exige que vivamos o hoje sem perder a esperança em relação ao reino definitivo. A salvação é uma meta, mas já está acontecendo no nosso modo de viver, esperar, sofrer. O Cristo é o “ontem e o hoje”, principio e fim, o alfa e o ômega. A Ele pertencem o tempo e os séculos, a nossa vida e a nossa história.
Por isso, irmãos, não deixemos apagar no nosso coração a chama da fé, que nos dá a certeza de que Deus permanecerá para sempre na história da humanidade como Aquele que está presente, Aquele que é próximo, providente, santo e misericordioso. E a este Deus, Pai misericordioso, podemos sempre suplicar e clamar por misericórdia, tendo presente que o seu amor é mais forte do que a morte, mais poderoso do que o pecado e de todo o mal.
O Ano Santo do Jubileu Extraordinário da Misericórdia ofereceu a todos a oportunidade de passarem pela Porta Santa. O passar pela porta é um gesto do peregrino que busca uma vida nova, confiando na misericórdia do Pai. Hoje estamos encerrando o Ano Santo do Jubileu da Misericórdia, em nossa Diocese, mas que permaneça no coração de todos a certeza de que ninguém pode pôr limites à misericórdia divina. Mesmo quando as portas do nosso coração estiverem fechadas para o amor, o perdão, a reconciliação, a caridade e a misericórdia, as portas do coração e da misericórdia do Pai estarão sempre abertas.
Irmãos e irmãs, tenhamos presente na vida e no coração as palavras pronunciadas por Jesus no Sermão da Montanha, “Felizes os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia”.
Que a Senhora do Rosário de Fátima, mãe, serva e discípula do Senhor Jesus, interceda junto ao Pai, para sermos sempre merecedores da sua misericórdia. Amém.