Dom Leomar Brustolin: “Amizade Social não significa sermos iguais, mas respeitarmos o outro na condição que ele tem”.

A Coletiva de Imprensa com dom Leomar Brustolin, Presidente do Regional Sul 3, marcou o lançamento da Campanha da Fraternidade 2024 no Regional Sul 3.

“Há 60 anos a Igreja no Brasil é inovadora”, iniciou dom Leomar Brustolin na Coletiva de Imprensa de lançamento da Campanha da Fraternidade 2024. A cerimônia aconteceu no Centro de Economia Solidária Dom Ivo Lorscheiter, em Santa Maria, e foi transmitida ao vivo no Facebook do Regional Sul 3.

O Presidente do Regional apresentou o tema – “Fraternidade e Amizade Social”, e o lema – “Vós sois todos irmãos e irmãs”, e explicou que a Campanha da Fraternidade iniciou há 60 anos, no Rio Grande do Norte. O arcebispo de Santa Maria pontuou, para iniciar, que os temas da Campanha da Fraternidade, nestas seis décadas, foram e são sempre escolhidos a partir de urgências, “daquilo que se percebe que no Brasil não está bem e precisa ser revisto”.

A partir do cartaz da CF 2024, dom Leomar ressaltou que ao redor da mesa estão pessoas de várias etnias e em várias condições – “inclusive o Papa Francisco está de bengala”, observou. “Na mesa está a dieta mediterrânea típica da bíblica que nos diz que temos uma herança de amizade social. Atrás deste cenário estão duas janelas, para dizer que nunca a amizade social se fecha em um grupinho de amigos, mas se alarga na área rural e no mundo urbano”, destacou o Presidente.

Dom Leomar seguiu explicando que o Texto Base da CF 2024 está dividido em três partes: ver, iluminar e agir. “O ver é enxergar um pouco melhor o que está acontecendo, especialmente as divisões que são sombras de um mundo fechado”. O arcebispo alertou: “Estamos no século XXI e a questão do racismo não foi ainda vencida” e destacou também os conflitos gerados pelas desigualdades sociais, pelas questões da sexualidade humana e pelas questões políticas. “Cada vez que a CNBB toca nisso ela toca em uma ferida da sociedade e nós precisamos nos curar e nos unir“, ressaltou dom Leomar. Acrescentou ainda os desafios de concretizar a amizade social em meio ao uso e exploração das pessoas como mercadoria, julgamentos precipitados, uma rejeição gratuita, o ódio ao outro e, especialmente, a banalização da morte. “Tudo isso faz com que necessariamente temos que rever tudo o que temos e somos”, concluiu dom Leomar nesta primeira parte.

Durante a coletiva, o Presidente do Regional Sul 3 e Arcebispo de Santa Maria também apresentou os sinais positivos que já podemos ver a partir da perspectiva da amizade social: a disposição à solidariedade; a pluralidade como algo sadio; os movimentos sociais em favor da terra, da casa, do trabalho e das comunidades; a atuação do Papa Francisco – “um divisor de águas no mundo que insiste no diálogo e no encontro”; o Pacto Educativo Global – “se as escolas não colocarem a pessoa em primeiro lugar elas vão colocar o mercado em primeiro lugar”. Por fim, dom Leomar pontuou: “Não resta dúvida que um exemplo muito grande de amizade social são as nossas comunidades, as nossas paróquias. Por mais que não sejam perfeitas, são espaços de convivência onde fortalecemos a unidade e a amizade social”.

Na exposição, dom Leomar apresentou o exemplo de São Francisco de Assis como promotor da Amizade Social e ressaltou que o Texto Base introduz a imagem de uma tenda como ilustração para o agir, além de sugestõe para alargar o espaço de nossas tendas.

“A Campanha da Fraternidade deste ano vai promover uma mudança na nossa forma de enxergar o mundo. Irmãos e irmãs, amigos e amigas, não só entre nós, mas com a tenda alargada, pessoas que são diferentes de mim passam a ser também pessoas acolhidas em meu coração, na minha vida e no meu diálogo”, finalizou dom Leomar.

Coleta Nacional da Solidariedade

“Nós não calculamos o bem que faz essa coleta”, assegurou dom Leomar se referindo à Coleta Nacional da Solidariedade, gesto concreto da Campanha da Fraternidade. A coleta acontece este ano no dia 24 de março, em todo o Brasil.

Os recursos arrecadados integram os Fundos Diocesanos e Nacional de Solidariedade que têm contribuído para a promoção da dignidade humana, o compromisso com os pobres e a vida plena. Do total arrecadado na Coleta para a Solidariedade, 50% fica na própria diocese e é gerido pelo Fundo Diocesano de Solidariedade (FDS) com o objetivo de apoiar iniciativas e projetos locais. No Regional Sul 3, 10% são enviados para o apoio às pastorais sociais do Rio Grande do Sul. Por fim, os outros 40% compõem o Fundo Nacional de Solidariedade (FNS), que é administrado pelo Departamento Social da CNBB, sob a orientação do Conselho Gestor da CNBB.

A Coletiva de Imprensa foi transmitida ao vivo e você pode conferi-la na íntegra clicando aqui.

CNBB Sul 3
Fotos: Carolina Busatto