Acolher e valorizar a Palavra de Deus

Prezados irmãos e irmãs. Estamos no 3º. Domingo do Tempo Comum e este domingo foi instituído pelo Papa Francisco como o Domingo da Palavra a fim de que ela seja sempre mais acolhida e valorizada em nossa vida cristã

Na liturgia que celebramos, vemos a primeira leitura nos apresentar a história de Nínive, uma grande cidade que segundo o texto ouvido, três dias eram necessários para se atravessar. Sabemos que quanto maior a cidade, maior a dificuldade em viver o espírito fraterno e o sentido de comunidade.

Neste contexto, Jonas foi enviado para anunciar a conversão, visto que Deus estava desgostoso com o povo que ali habitava. Mas os ninivitas, do maior ao menor, de todas as classes sociais, acreditaram em Deus e fizeram penitência. Todos se vestiram de sacos demonstrando penitência e igualdade; rompendo as diferenças, todos se voltaram para Deus. Deus vendo a atitude de conversão do povo, se compadeceu e suspendeu o mal planejado a eles.

Ao ouvir a Palavra de Deus, nos perguntamos: qual é o convite que ela nos faz? De uma mudança de vida, de conversão, de reconhecimento da nossa realidade, do modo como vivemos. A Palavra de Deus não está fora do contexto daquilo que é a nossa realidade, a nossa história. Assim como Nínive estava, também o mundo de hoje está se distanciando de Deus. Oxalá, possamos encontrar em nossas cidades, pessoas que reconheçam na Palavra de Deus também este convite à conversão e à mudança de vida.

Um exemplo fácil de entender esta realidade é que nos alegramos com as igrejas cheias de pessoas de boa vontade que procuram ouvir a Palavra de Deus, e isto é muito bom. Mas isto representa menos de dez por cento dos católicos de nossas cidades. Onde estão os outros? Então se todos os católicos se voltassem para Deus, como estariam nossas comunidades e nossa sociedade? São noventa por cento ou mais que não têm a Palavra como alimento em sua vida cristã, como luz para orientar sua vida e vencer as muitas situações que os afasgtam de Deus.

Vemos um mundo cada vez mais doente, angustiado, em busca de sentido, tomado pela doença do século – a depressão. O mundo está distante de Deus. Então o tema da liturgia que convida à conversão e o exemplo de Nínive podem ser um bom modelo para nós. Todos nós precisamos melhorar nossa vida cristã e nossa vida social. Precisamos renovar o compromisso de escuta da Palavra de Deus e nos orientar por ela, para que em nossa sociedade todos sintam a alegria de viver e o sentido verdadeiro de sua existência.

É preciso abandonar algumas atitudes que nos causam danos; não é preciso se vestir de sacos como fizeram os ninivitas para dizer que estamos nos convertendo, mas é preciso abrir o coração, é preciso desapegar-se de muitas coisas que nos impedem de nos aproximarmos mais de Deus. “O isolamento, o egoísmo, a ânsia pelo consumo e outras coisas nos cegam na busca de Deus”. É preciso um coração livre e aberto para deixar Deus ser o Senhor de nossa vida, para deixar sua Palavra ser a verdade que nos oriente.

É justamente isso que Jesus veio anunciar quando começa sua vida pública e diz no Evangelho de hoje: “o tempo se cumpriu e o Reino já chegou”. Essas duas expressões referem-se ao cumprimento do tempo de João Batista. Quando João foi preso, começa um novo tempo, o tempo de Jesus que inicia a sua pregação. Cumpriu-se o tempo da promessa e Jesus já está em nosso meio. Depois, Jesus usa mais duas importantes expressões: “Convertei-vos e crede no Evangelho”. É fazer esta conversão e acreditar na Palavra de Jesus e quem acredita na sua Palavra, deixa-se guiar por Ela. Mas não basta dizer creio, é preciso alimentar-se desta Palavra que é vida, que é a verdade que orienta e nos conduz no caminho do bem.

Que o bom Deus com seu Espírito ilumine os caminhos de cada um de nós no seguimento de seu Filho Jesus e também no acolhimento e compreensão de sua Palavra. Amém!

Dom Adimir Antonio Mazali – Bispo Diocesano de Erexim