É tempo de romaria
Quando chega o mês de novembro, a Igreja de Deus que está em Santa Maria se reveste de fé e júbilo para celebrar a Medianeira de Todas as Graças. O santuário-basílica torna-se meta de muitos devotos e romeiros que buscam paz e força. É tempo de Romaria. O peregrino sabe que a caminhada é, antes de tudo, uma realidade interior que tende ao encontro com Deus. Quem caminha rumo ao santuário, na verdade está à procura da sua realidade mais íntima e mais profunda. Aquele que crê vive como um andarilho, não quer instalar-se no provisório. Experimenta a vida como uma contínua peregrinação, uma procura da fonte existencial que sacia sua sede. Quem vai à Medianeira espera e confia em Deus, que enviou seu Filho ao mundo para salvar a humanidade. Salvar do pecado e da morte, salvar e curar, libertar e oferecer novas oportunidades.
Aos pés da Medianeira depositam-se sonhos e pedidos, angústias e esperanças. No coração da Mãe de Jesus tudo é acolhido. Nem todos os pedidos são atendidos como se pretende, mas ninguém sai de mãos vazias. A consoladora dos aflitos, saúde dos enfermos e refúgios dos pecadores volta seu olhar de mãe sobre cada filho e filha que a ela recorre em prece. A Medianeira não é mera lembrança da mãe de Jesus, na verdade ela é presença na vida de cada cristão. Ela leva a Jesus nossa prece, Ele que dela nasceu. Assim, ela mostra que é nossa mãe, que Ele mesmo nos deu como grande testamento do seu amor por nós. No alto da cruz, antes de morrer, ele olhou para o discípulo João e disse: “Eis tua mãe!” Naquele momento histórico, a maternidade de Maria alargou-se de tal modo que todo o que crê em Jesus ganha uma singular e especial mãe: Maria.
Ela acolhe seus filhos, escuta seus lamentos e preces e manifesta sinais de sua ternura, atenção e intercessão. As curas corporais acontecem, mas são excepcionais e raras. O que mais se percebe são as curas do coração, oferecidas a todos; cada um as recebe conforme sua necessidade. A vida cristã é feita de sucessivas conversões. Se por um lado é possível constatar e se admirar pelos milagres de curas físicas, dificilmente se contabilizará as curas interiores, que são numerosas.
A Romaria da Medianeira altera a rotina de Santa Maria e testemunha que o ser humano não foi feito para viver e morrer, mas para viver e vencer a morte na páscoa de Cristo. Saboreando nele o amor de Deus, os crentes reconhecem que ainda estão a caminho. É como se a Basílica visível remetesse à edificação invisível, maior e mais plena: a Jerusalém celeste, o Reino da Trindade. O santuário faz o cristão desejar o céu.
Espero que ao presidir a Romaria da Medianeira, pela primeira vez na condição de Arcebispo de Santa Maria, possa suplicar à Nossa Senhora dias de paz e saúde para todos os devotos e romeiros, mas sobretudo, quero pedir à Virgem Mãe que renove toda nossa Igreja no Evangelho e nos torne instrumentos da caridade de Cristo para o mundo. Que ela continue sendo nosso íris em meio à procela!!!
Dom Leomar Antônio Brustolin – Arcebispo Metropolitano de Santa Maria